A gasolina caríssima e os interesses nacionais
Não é à toa que o ministro da Economia do governo neofascista Bolsonaro é conhecido como “posto Ipiranga”. Nada mais adequado quando se veem os desenfreados aumentos do preço da gasolina, do gás de cozinha e do diesel por uma Petrobras que hoje atua com foco nos “interesses do mercado” e dos acionistas, em detrimento do povo brasileiro. Desde janeiro deste ano, o preço da gasolina subiu nove vezes.
Os aumentos médios da gasolina (51%) e diesel (40 %) aplicados em 2021 prejudicam a população, num momento em que os salários estão congelados e cai a renda da classe média e dos trabalhadores. Essa política antinacional e antipopular do governo Bolsonaro é um acinte, pois no mesmo momento em que a estatal anuncia o novo aumento (12/08), concomitantemente alardeia que vai distribuir antecipadamente R$ 31,6 bilhões em dividendos para os seus acionistas, em boa parte estrangeiros.
O lucro total da empresa no segundo trimestre deste ano foi de R$ 42,85 bilhões e foi festejado por acionistas, que nem ficam ruborizados com o fato de uma empresa que foi criada com o sangue e o suor dos brasileiros estar hoje nas mãos de abutres em nome de um liberalismo que é contra os interesses nacionais. Pior, a empresa ainda anuncia que no ano que vem vai adotar uma política mais generosa de distribuição de lucros. O povo brasileiro está sendo espoliado.
Tenta-se convencer a população de que os aumentos se devem à cotação do dólar, que com o atual governo disparou. Ora, o Brasil é autossuficiente em petróleo, as enormes jazidas do pré-sal têm custo baixíssimo de produção e tudo é feito em real, não em dólar.
A dolarização dos preços dos combustíveis é fruto do golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff, numa mesma manobra que resultou na mudança da legislação para sepultar as leis aprovadas nos governos do PT para que o pré-sal fosse usado para a educação e saúde e garantir um futuro melhor aos brasileiros. Bolsonaro aprofundou essa política entreguista para favorecer os estrangeiros.
Hoje, importa-se combustíveis, como se a Petrobras não tivesse condições de suprir o mercado interno. Os petroleiros denunciam a política de desmonte da empresa. Só na Bahia 1/3 da capacidade de produção de gasolina e gás de cozinha(GLP) está com a planta em hibernação.
Enquanto isso, o preço médio do litro da gasolina já superou a casa dos R$ 6,00 e em algumas regiões do país já está sendo vendido a R$ 7,00, ante os R$ 2,80 da época do governo Dilma, quando o botijão de gás custava R$ 40,00 , em contraste com mais de R$ 100,00 de hoje. Não custa lembrar que a inflação no período foi de 57%, muito abaixo dos aumentos dos combustíveis.
O festival de aumentos do combustível faz aumentar os índices de inflação porque impacta nos preços de todas as mercadorias. Tem impacto direto na vida de todo mundo, principalmente dos mais pobres, já profundamente prejudicados com o desemprego e o arrocho salarial.
O desafio da oposição, ao reassumir o governo, é recolocar a Petrobras na trilha dos fundamentos para a qual foi criada por Getúlio Vargas: uma empresa nacional para impulsionar o desenvolvimento do país e contribuir com o bem-estar do povo brasileiro. Hoje, faz apenas a alegria de acionistas que engordam seus bolsos às custas da população, incluindo uma absurda venda de ativos da empresa a preço de banana, colocando o Brasil à mercê de estrangeiros.
O governo Bolsonaro colocou a Petrobras na mesma condição de países dependentes de petróleo e derivados do exterior. Ou seja, trata o Brasil como se não fosse um dos maiores produtores de petróleo do mundo e coloca o país na situação de importador de derivados. È preciso mudar esse quadro.