As imagens correram o mundo na última semana. Na imprensa estrangeira, a fome do povo brasileiro. No dia 25, reportagem no jornal espanhol El País mostrou como, em Cuiabá, a capital de Mato Grosso e do milionário agronegócio brasileiro, uma fila se formava na rua lateral do Atacadão da Carne antes das 9h. O açougue é conhecido pelo preço “mais em conta”. Mas ganhou fama pela distribuição do que restou da desossa do boi.

As pessoas, amontoadas e na fila, lutam pelos ossos com resquícios da carne vendida e que servem de uma improvisada fonte de proteína da população mais humilde da capital do agronegócio. “É a maior felicidade a gente conseguir um ossinho aqui, porque está feia a crise! Eu estou desempregado e não tem para onde a gente recorrer. Faz tempo que eu não como carne, se não fosse o ossinho. Tudo está caro!”, contou Joacil Romão da Silva, de 57 anos, ao diário madrilenho.

A ação do açougue de Cuiabá já ocorre há mais de 10 anos. Mas, antes da pandemia, a fila reunia entre 20 e 30 pessoas, segundo Edivaldo Oliveira, de 58 anos, dono do estabelecimento. “Agora, triplicou ou mais. Hoje são 200 pessoas. Estamos com dificuldade para atender e a gente está se esforçando ao máximo. Mas é muita gente mesmo”, relata. Os sinais de desarranjo estão por toda parte. É o retrato do Brasil de Bolsonaro: mais fome, mais desigualdade e mais miséria.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acusa Bolsonaro de aumentar o sofrimento do povo. “A fome voltou porque não temos governo”, diz. “A fome voltou forte, o desemprego é maior da história do Brasil e eu não vejo o presidente preocupado em encontrar uma solução para acabar com o sofrimento do povo brasileiro”.

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