México, Rússia e China demonstram apoio a Díaz-Canel e pressionam Estados Unidos contra o bloqueio que já dura mais de seis décadas. “Resistir durante 62 anos sem submissão é uma grande façanha”, destaca o presidente Andrés Manuel López Obrador. Putin mandou ajuda humanitária à ilha rebelde e China reiterou apoio, condenando americanos

 

Em meio à tentativa de estrangulamento dos Estados Unidos a Cuba, três movimentos de líderes globais reforçaram o sentimento de solidariedade internacional ao presidente Miguel Díaz-Canel. No sábado, 24, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, destacou a resistência e a honra de Cuba perante o bloqueio dos Estados Unidos, imposto há mais de seis décadas. López Obrador considerou que Cuba “merece ser declarada Patrimônio da Humanidade”. Ao mesmo tempo, Rússia e China sinalizaram apoios ostensivos a Cuba, com envio de alimentos e ajuda humanitária.

Na abertura da reunião de chanceleres de países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), Obrador parabenizou o esforço do povo cubano. “Acredito que pela luta em defesa da soberania de seu país, o povo cubano merece o prêmio de dignidade”, disse. Ele declarou que o bloqueio comercial e financeiro contra a ilha é uma ação injusta e pediu aos Estados Unidos que mudem sua política em relação à América Latina e em particular a Cuba.

O presidente mexicano denunciou que “Washington nunca deixou de realizar operações abertas ou encobertas contra países independentes localizados ao sul do Rio Grande”. E destacou que “a influência da política externa dos Estados Unidos é predominante nas Américas”. “Há um caso especial, o de Cuba, o país que há mais de meio século afirma sua independência, enfrentando politicamente os Estados Unidos”, disse. “Pode-se concordar ou não com a Revolução Cubana, mas resistir durante 62 anos sem submissão é uma grande façanha”.

“Minhas palavras podem irritar alguns ou muitos, mas como diz a canção de René Pérez, sempre digo o que penso. Consequentemente, acredito que por causa de sua luta em defesa de sua soberania, de seu país, o povo de Cuba merece o prêmio de dignidade”, afirmou. “É inaceitável a política exercida nos últimos dois séculos, caracterizada por invasões, colocar ou retirar governantes ao capricho da superpotência. Digamos adeus às imposições, ingerências, sanções, exclusões e bloqueios”.

Ainda no sábado, 24, a Rússia enviou dois aviões com ajuda humanitária para Cuba, incluindo 1 milhão de máscaras para auxiliar no combate ao forte aumento de casos de Covid-19 na ilha. Os itens foram despachados por ordem do presidente Vladimir Putin para o país aliado em dois aviões do Ministério da Defesa. São 88 toneladas com alimentos e equipamentos de proteção individual.

A ilha socialista de 11 milhões de habitantes vive um aumento preocupante no número de infecções e mortes por Covid-19. Desde o início da pandemia, foram registrados 316.383 casos e 2.203 mortes, segundo dados oficiais desta sexta-feira. Somam-se a essa situação as dificuldades econômicas causadas pelo embargo econômico dos Estados Unidos. Na semana anterior, a Casa Branca impôs novas sanções a Cuba, na primeira ação concreta do presidente Joe Biden para colocar pressão sobre a ilha.

Na semana anterior, o governo da China, sob a liderança de Xi Jinping, declarou apoio ao regime cubano. “A China se opõe à interferência estrangeira nos assuntos internos de Cuba e apoia o que Cuba tem feito na luta contra a Covid-19”, declarou Pequim.

A diplomacia chinesa afirmou, ainda, que está pronta para trabalhar com o país caribenho e apontou o embargo aplicado dos Estados Unidos como “raiz da escassez de remédios e energia” na ilha. “Os Estados Unidos deveriam levantar totalmente o embargo e desempenhar um papel positivo na ajuda ao povo cubano para superar os efeitos da epidemia”.

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