Em entrevista à tevê mexicana, o ex-presidente defende que Biden retome o diálogo com a ilha caribenha e interrompa o bloqueio. Ele lembrou que Trump adotou 243 medidas contra o país caribenho. Há muito ódio acumulado dos cubanos em Miami

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na sexta-feira, 30, a criação de uma mesa de negociações entre Cuba e os Estados Unidos para levantar o bloqueio e impedir as tentativas de um país de interferir no outro. Durante a primeira parte de uma entrevista concedida ao Canal 11 do México, o fundador do Partido dos Trabalhadores afirmou: “Temos que entender 60 anos de bloqueio. Há muito ódio acumulado pelos cubanos em Miami contra os cubanos em Cuba”.

Ele ressaltou que, se não houvesse um cerco de ferro por Washington, “Cuba poderia ser como a Noruega, a Holanda ou a Suíça. Porque tem pessoas muito qualificadas”. Ele considera que em vez de exacerbar os protestos e anunciar novas restrições, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deveria ter suspendido as 243 medidas coercitivas adotadas por seu antecessor, o republicano Donald Trump, contra a ilha caribenha.

Lula declarou-se um admirador da Revolução Cubana e recomendou que Biden jogasse fora o ódio acumulado ao longo de 60 anos e pedisse ao governo cubano que falasse. “Vamos tentar por uma solução negociada. E veja o que pode ser feito para remover o bloqueio”, disse o ex-presidente. As negociações teriam como objetivo acabar com o cerco econômico, comercial e financeiro dos EUA contra a ilha, que dura mais de seis décadas.

O ex-presidente também apelou para uma maior integração entre o México e outros países da América Latina, incluindo o Brasil. Disse que a cooperação entre os países da região é importante para contrariar o domínio dos Estados Unidos no continente e também para melhorar as condições de negociação com outros blocos, como a União Europeia, e potências, como a China.

“Se agirmos como um bloco, estabelecendo uma parceria, sem a hegemonia de um país sobre outro, podemos criar um bloco extraordinário e economicamente forte de mais de 400 milhões de seres humanos”, disse. Lula defendeu o aprofundamento do intercâmbio econômico, tecnológico e educacional entre brasileiros e mexicanos, mas admitiu que no momento é difícil devido à ação do presidente Jair Bolsonaro.

E comparou as situações entre os dois países. “Enquanto temos um bom presidente no México, que é (Andrés Manuel) López Obrador, não temos um bom presidente no Brasil”, lamentou. “Na verdade, somos governados por um homem genocida”, criticou Lula, lembrando que, por conta da má gestão da Covid-19 pelo governo Bolsonaro, o Brasil tem mais de 555 mil mortos.

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