Grupo de Puebla celebra governos populares
Encontro virtual marcou os dois anos de existência da organização, que já conta com a participação de 52 líderes progressistas de 16 países. Iniciativa reafirma importância de uma nova agenda para América Latina
Grupo de Puebla comemorou, na sexta-feira, 30, dois anos de fundação. A organização conta com a participação de 52 líderes progressistas de 16 países e tem atuado na defesa da democracia, da autodeterminação dos povos, na denúncia do lawfare e na proposição de um sistema solidário de desenvolvimento para a superação da desigualdade e dos efeitos da pandemia na América Latina, Caribe e Espanha.
Para marcar a data, o Grupo de Puebla realizou um encontro virtual que contou com a presença dos presidentes da Argentina, Alberto Fernández, e da Bolívia, Luis Arce. Também estiveram presentes os ex-presidentes Ernesto Samper (Colômbia), José Luis Zapatero (Espanha), Leonel Fernández (República Dominicana) e Rafael Correa (Equador).
Arce fez dura crítica à Organização dos Estados Americanos (OEA), instituição que referendou o golpe contra o presidente Evo Morales nas eleições presidenciais bolivianas de 2019. “A OEA é uma organização internacional que responde aos interesses norte-americanos. Se não a limitarmos, com certeza voltarão a querer transcender fronteiras e nos influenciar”, afirmou.
O presidente da Argentina também reiterou a mesma posição de Arce e defendeu que a atuação da OEA nas eleições da Bolívia em 2019 seja investigada e julgada. “Os anos Trump fizeram da OEA um esquadrão de guarda militar para avançar sobre os governos populares. Não há dúvida sobre o que aconteceu na Bolívia. Também digo como Andrés Manuel Lopez Obrador: como é, a OEA não funciona”, declarou.
Alberto Fernández também avalia que a pandemia de Covid-19 reafirmou a necessidade de um Estado forte. “A pandemia ensinou-nos a importância do Estado, que é quem garante a solidariedade a quem necessita. Se o Estado não arbitrar e colocar a igualdade onde não existe, não há mercado que promova a igualdade”, defendeu.
Ex-presidente da Espanha, Zapatero reafirmou as posições do Grupo de Puebla. “Demonstramos nossa afirmação democrática com nossa posição no golpe na Bolívia e nosso compromisso com a inocência e a liberdade de Lula”, disse.
Já o presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, fez uma síntese do encontro e abordou as perspectivas e desafios. Ele recordou que a inciativa nasceu em um momento de defensiva política e resistência do progressismo, depois de vários golpes, derrotas eleitorais, um forte processo de lawfare contra os principais líderes populares da região, como foi o caso da injusta prisão de Lula.
“Estávamos dispersos e o Grupo de Puebla foi um espaço de rearticulação para atuarmos de forma solidária e ativa, como foi na campanha Lula Livre, contra o golpe na Bolívia e a perseguição judicial e em defesa das lideranças perseguidas e exiladas e da democracia no continente”, explicou.
Mercadante disse ainda que o Grupo tem trabalhado em políticas programáticas para a reconstrução da América Latina. “Seguimos trabalhando fortemente durante a pandemia, com a proposta do auxílio emergencial e do acesso gratuito à vacinas, e agora estamos formulando propostas para construir um modelo de desenvolvimento solidário capaz de superar o neoliberalismo”, declarou.
De acordo com ele, essa formulação envolve repensar um novo papel do estado, a transição digital e ecológica, a reinsdutrialiação da região e uma economia de maior valor agregado. “Temos que pensar uma política econômica baseada em missões socioambientais e no combate a fome, ao desemprego e a desigualdade”, expos.
Como desafios para o Grupo de Puebla, Mercadante apontou a construção de um centro de pesquisa, mais ações de formação política, a retomada dos encontros presenciais e o fortalecimento dos grupos jurídico e parlamentar da organização. “Se eu pudesse sintetizar esse período da história, eu diria: resistimos e voltaremos”, concluiu.
Durante o encontro, o Grupo de Puebla lançou ainda um documento com um balanço das atividades da organização. O texto também celebra a ascensão de governo populares na Argentina, no México, no Peru e na Bolívia e reafirma a importância do progressismo para o continente.