O novo presidente do Peru toma posse e dá sua primeira mensagem com seu inseparável chapéu de palha de aba larga e copa alta, típico do meio rural peruano: “Precisamos de uma nova Constituição”

 

O Peru tem, pela primeira vez em sua história, um presidente que vem dos setores mais pobres e excluídos do país. Quem assumiu o poder é um camponês e professor rural, saído fora das elites e círculos do establishment, que criou esperanças de mudança em um país com profundas desigualdades exacerbadas por três décadas de agenda neoliberal. Alvo das das elites que perderam o poder, Pedro Castillo tomou posse em 28 de julho. Um acontecimento histórico, que ocorreu no dia do bicentenário da independência do país. 

Com o professor e sindicalista que se tornou presidente, o Peru se une aos países da região com governos progressistas. A posse contou com a presença do presidente da Argentina, Alberto Fernández, e teve contou com trajes diferentes. O novo presidente usou seu inseparável chapéu de palha de aba larga e copa alta, típico das zonas rurais da região andina de Cajamarca e estava vestindo uma jaqueta preta de gola alta com listras finas de figuras andinas coloridas. Muito parecido com o usado pelo ex-presidente boliviano Evo Morales, também presente na cerimônia. Além de Fernández e Morales, também participaram os presidentes Luis Arce, da Bolívia; Iván Duque, da Colômbia; Sebastián Piñera, do Chile; e Guillermo Lasso, do Equador; além do rei espanhol Felipe VI, bem como os vice-presidentes do Brasil e do Paraguai.

Castillo prestou juramento “pelos povos do Peru, por um país sem corrupção e por uma nova Constituição”. Ele o fez perante a presidente do Congresso, de oposição, María del Carmen Alva, da Ação Popular, de centro-direita. “Desta vez, um governo do povo veio governar com o povo e para o povo, construir de baixo para cima. É a primeira vez que nosso país será governado por um camponês, uma pessoa que, como muitos peruanos, pertence aos setores oprimidos há tantos séculos. É também a primeira vez que um partido político formado no interior do país vence democraticamente as eleições e que se escolhe um professor, mais precisamente um professor rural presidente. É difícil expressar a grande honra que isso significa para mim”, disse.

Castillo propôs ao Congresso a convocação de uma Assembleia Constituinte para mudar a atual Constituição que vem da ditadura Fujimori. Este foi o anúncio mais significativo politicamente. O presidente ressaltou que a mudança da Constituição é uma de suas principais bandeiras. Ele lembrou que a atual Carta “beneficia as grandes corporações para que tirem nossas riquezas”. E destacou: “É necessária uma nova que nos permita mudar a face de nossa realidade econômica e social”.