Os brasileiros que precisaram comprar gás de cozinha levaram um susto. Com a alta dos preços, o preço médio do botijão de 13 kg chegou a R$ 88,94 — 10% do salário mínimo que é de R$ 1,1 mil. No Centro-Oeste, o produto atingiu o valor de R$ 130. De acordo com Agência Nacional do Petróleo (ANP), nas últimas quatro semanas, a alta média foi de 4,3%.

A maior responsável pelo aumento é a Petrobrás. É que o preço do petróleo segue a tendência do mercado internacional. O aumento mais recente do gás anunciado pela estatal foi de 5,9%, quando passou a ser vendido R$ 0,19 nas refinarias, elevando o preço por quilo a R$ 3,40.

“Hoje, a Petrobras está tentando. Já aumentou mais de 20%, se não me engano 23%, no último ano, o preço do GLP. Ela acompanha quase que cotidianamente as variações do preço internacional do petróleo, que também tem a ver com a taxa de câmbio”, explica o ex-presidente da Petrobrás Sergio Gabrielli.

Ele lamenta que a política de preços da estatal não necessariamente precisaria ser essa. “O gás liquefeito de petróleo é um componente fundamental das famílias. O gás de cozinha é um componente fundamental, principalmente, para as famílias de baixa renda. Então, era possível você ter uma política de ajustes mais lentos dos preços de tal maneira que você não penalizasse tanto os consumidores e fizesse uma espécie de subsídio cruzado”, defende.

Gabrielli recordou que essa foi a política adotada na Petrobrás entre 2003 e 2011, quando os preços do GLP ficaram relativamente estáveis, acompanhando muito lentamente a variação dos preços internacionais. “A variação de preços hoje tem muito a ver com a decisão da Petrobrás de fazer ajuste pelos preços internacionais, mas há que se levar em conta também que há várias etapas da refinaria ao consumo”, adverte.

O ex-presidente da Petrobras explica ainda que não é preciso uma política de subsídios para o setor, mas um programa dirigido que garantisse preços mais acessíveis, especialmente para os mais pobres. “Talvez, você pudesse ter uma política dirigida, talvez utilizando o Cadastro Único e esse cadastro do auxílio emergencial e você viabilizar, porque as tecnologias hoje permitem isso, viabilizar um auxilio direto a essas famílias que poderiam utilizar, hoje, os cartões do Bolsa Família e do auxílio emergencial para adquirir a preços menores do mercado junto aos distribuidores”, propõe.