Nascido nos idos de 1941 na cidade de Porto Alegre, Marco Aurélio Garcia, carinhosamente chamado por amigos e companheiros de MAG, foi sem dúvidas ao longo de sua trajetória um dos principais teóricos e formuladores do Partido dos Trabalhadores.

Deve-se a Marco Aurélio, e também a outros, o “aggiornamento” operado no partido em seu 5* Encontro Nacional realizado em 1987, em Brasília, onde o PT começa a sair da lógica exclusivista e passa a operar uma política de unidade com outras forças políticas que culminou na construção da Frente Brasil Popular com o PSB e o PCdoB em torno da candidatura de Lula em 1989.

MAG começou sua militância ainda no período anterior ao golpe civil-militar de 1964, nas fileiras do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi vice-presidente da União Nacional dos Estudante (UNE) e vereador em Porto Alegre.

Depois do golpe, rompeu com o PCB e participou da organização do POC, o Partido Operário Comunista, juntamente com egressos da Polop. Duramente perseguido pela ditadura, exilou-se entre os anos 1970 e 1979, primeiramente no Uruguai, depois Chile e com a deposição de Salvador Allende, ruma para a França.

Formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fez a pós-graduação na École de Hautes Études em Ciências Sociais, em Paris. Foi professor nas universidades de Paris VIII e Paris X, na França e na Universidade do Chile, na Faculdade Latino-Americana de Ciência Sociais. Terminou sua carreira acadêmica como professor no Departamento de História da Unicamp, em Campinas. Na cidade, ocupou a Secretaria Municipal de Cultura, entre os anos 1989 e 1990.

Foi secretário de Relações Internacionais do PT, iniciando processo de aglutinação das forças progressistas e de esquerda na região e que tempos depois vieram a se articular no Foro de São Paulo.

Profundamente envolvido nas questões internacionais e, principalmente, nas situações da América-Latina, Marco Aurélio ocupou durante 13 anos o cargo de assessor especial para Assuntos Internacionais dos governos Lula e Dilma.

Morto aos 76 anos, em 20 de julho de 2017, vítima de um infarto fulminante, MAG deixa um legado para as novas gerações da esquerda de luta e dedicação ao povo. Defensor de alianças políticas, nunca deixou de pontuar que o lado da mesa em devemos sentar é sempre o lado dos trabalhadores, dos humilhados e dos ofendidos pela miséria.

Amigo e companheiro de Lula, foi assim lembrado: “Marco Aurélio faz uma falta tremenda aos seus amigos, ao Brasil e a toda América-Latina. Ele foi uma grande figura humana e política, dessas realmente inesquecíveis. Sempre admirei a sua inteligência, o seu compromisso com a democracia e a justiça social e a sua enorme capacidade de trabalho. Sem falar no bom humor e na ironia contagiantes que eram sua marca registrada. Tenho orgulho de ter contado com a parceria do nosso querido MAG no governo federal…Agora que Marco Aurélio não está mais fisicamente entre nós, a melhor forma de demonstrara nossa saudade e o nosso carinho é continuar lutando cada vez com mais vigor, com toda a nossa alma, por um Brasil livre, soberano e justo. E por uma América-Latina de progresso e equidade”.

Nesse momento em que o Brasil enfrenta um dos mais tenebrosos períodos de sua história, onde a necropolítica tem sido a tônica do atual desgoverno e que vemos com clarividência a falta da visão de futuro de um militante e dirigente como Marco Aurélio Garcia.

Viva MAG!