Apesar da pandemia da Covid-19, a América Latina permanece em efervescência. Tanto 2020 como 2021 foram anos marcados por uma série de protestos e eleições que podem sugerir uma mudança na correlação de forças na região. Começando pelo processo no Chile, fruto de manifestações que começaram ainda em outubro de 2019 e garantiram, em 2020, um plebiscito popular e a eleição de uma Convenção Constitucional, em abril deste ano, com maioria de constituintes mulheres e independentes.

“Respira-se novos ares na América Latina, fruto da luta dos povos em cada país”, aponta Rita Farfán da Federação Democrática Internacional de Mulheres (Fedim). “O principal inimigo é o sistema neoliberal, no qual vivemos, que nos oprime dia-a-dia, que não nos deixa avançar, que não deixa que nosso povo acesse tudo que necessita”, afirma.

Na Argentina, embora o peronismo tenha assumido novamente o poder com Alberto Fernández e Cristina Fernández de Kirchner, as mulheres não saíram das ruas, garantindo a provação da lei de legalização do aborto com uma maré verde que tomou conta das principais cidades do país.

O ano de 2021 começou com os paraguaios marcando a pauta e condenando a gestão de Mário Abdo Benitez durante a pandemia. As manifestações não conquistaram o impeachment, mas foram suficientes para denunciar a corrupção no Executivo.