Grupo de Puebla: Vitória de Castillo
Lula, Dilma e ex-presidentes pedem que Peru reconheça eleição do novo presidente da República. Carta é assinada por sete ex-mandatários latino-americanos e da Espanha, alertando para atraso
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff e outros cinco ex-mandatários de latino-americanos, além do ex-primeiro-ministro da Espanha defenderam que o Peru deve reconhecer o quanto antes a vitória do candidato esquerdista Pedro Castillo nas eleições presidenciais, realizadas há três semanas.
“O legítimo direito de que dispõem os adversários políticos de Pedro Castillo para solicitar esclarecimentos e revisões dos documentos e processos eleitorais não pode tornar-se uma estratégia dilatória para impedir a validação de resultados”, apontam os ex-presidentes.
“Qualquer atraso injustificado na oficialização da decisão tomada pelo povo peruano, que resultou na eleição de Pedro Castillo, gera incertezas e cria espaços indesejáveis de desorganização para o curso da economia, a estabilidade da democracia, podendo atrasar ilegitimamente o mandato”, aponta o documento, que também é assinado pelos ex-presidentes Ernesto Samper Pizano (Colômbia), Fernando Lugo (Paraguai), Martín Torrijos (Panamá) e Rafael Correa (Equador), além de José Luis Rodríguez Zapatero, da Espanha.
Com 100% das urnas contabilizadas, o resultado aponta 50,12% para Castillo e 49,87% para Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori. O anúncio oficial ainda depende do Júri Nacional Eleitoral, responsável pela análise do pedido de impugnação de atas de votação, já que Keiko pediu a revisão de 300 mil votos e a anulação de outros 200 mil.
Em 19 de junho, o Grupo de Puebla registrou com preocupação movimentos golpistas no Peru, apoiando o presidente constitucional em sua corajosa defesa da institucionalidade democrática e fazendo um apelo às Forças Armadas do país para que mantenham sua condição de civilidade e neutralidade frente aos resultados de processo eleitoral já encerrado pelas autoridades constitucionais.
O que diz a carta
Nós signatários desta declaração do Grupo de Puebla, preocupados com a situação política no Peru e movidos pela necessidade de defender a institucionalidade democrática, declaramos:
- Há fortes indícios de que o professor Pedro Castillo obteve a maioria dos votos nas eleições de 6 de junho último, realizadas de acordo com as garantias e normas da transparência e disputa eleitoral.
- Apurada a totalidade das atas de votação, nos dirigimos respeitosamente ao Jurado Nacional de Elecciones (JNE) do Peru para que proceda em consequência e declare formalmente a vitória de Pedro Castillo.
- O legítimo direito de que dispõem os adversários políticos de Pedro Castillo para solicitar esclarecimentos e revisões dos documentos e processos eleitorais, não pode tornar-se uma estratégia dilatória para impedir a validação de resultados que, segundo as contagens, são inquestionáveis.
- Como é do conhecimento do Presidente da República, das Forças Armadas e demais atores institucionais, qualquer atraso injustificado na oficialização da decisão tomada pelo povo peruano que resultou na eleição de Pedro Castillo, gera incertezas e cria espaços indesejáveis de desorganização para o curso da economia, a estabilidade da democracia, podendo atrasar ilegitimamente o mandato do presidente eleito Castillo, afetando a concretização dos projetos sociais anunciados durante sua campanha. •
Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil
Ernesto Samper, ex-presidente da Colômbia
Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai
José Zapatero, ex-presidente da Espanha
Lula da Silva, ex-presidente do Brasil
Martín Torrijos, ex-presidente do Panamá
Rafael Correa, ex-presidente do Equador