Lava Jato peruana pede prisão de Keiko
Em pleno processo de apuração, com Keiko Fujimori denunciando o virtual presidente do Peru, Pedro Castillo, de fraude nas eleições presidenciais, a candidata da direita tomou uma invertida na quinta-feira, 10. O promotor José Domingo Pérez, que trabalha na equipe da Lava Jato peruana, solicitou ao juiz Víctor Zúñiga Urday a revogação da medida que concede liberdade provisória a Keiko. Agora, o promotor quer sua prisão preventiva.
Keiko busca na Justiça reverter a pequena diferença pela qual vem sendo derrotada na disputa com o esquerdista Pedro Castillo, do Perú Libre. Mas ela própria é quem está enredada numa teia de corrupção, lavagem de dinheiro, uso de caixa dois e suborno em suas próprias campanhas eleitorais. Ela ficou presa por mais de um ano enquanto a investigação se desenrolava.
O promotor fez o pedido alegando que a filha de Alberto Fujimori – também condenado e preso por corrupção depois de catastrófica passagem pela Presidência do Peru – não cumpre a restrição determinada de não se comunicar com testemunhas em processo. Pérez afirma que há evidências “públicas e notórias” de contatos com o deputado Miguel Torres Morales, também acusado por crimes e com quem Keiko estava proibida de falar.
O revés chega no momento em que a contagem de votos se aproximava do fim. Com 99,99% das urnas apuradas, Castillo ostenta 50,20% da preferência da população peruana, contra 49,79% de Keiko.
Na tarde de quarta-feira, 9, a candidata conservadora fez pronunciamento no qual apontou supostas irregularidades cometidas por apoiadores de Castillo. Ela o acusou de “fraude sistemática” e apresentou pedidos de impugnação de diversas atas de votação ao Júri Nacional de Eleições.
Quando apareceu à frente de Castillo, nos primeiros relatórios divulgados pela Onpe, o órgão eleitoral peruano, com quase seis pontos percentuais de vantagem, Keiko reagiu com moderação e pediu prudência a seus eleitores, afirmando que não havia vencedores ou derrotados na eleição e defendendo a unidade dos peruanos.
No domingo, durante o café da manhã com eleitores — uma tradição dos candidatos presidenciais no dia da votação —, ela disse que aceitaria os resultados e assumiu o compromisso de respeitar a vontade popular. “Será a decisão que o nosso país definir, se tenho que servir como presidente ou como uma simples cidadã”. Keiko parece ter mudado de ideia. Tem sorte de não sair da disputa amargando a derrota e uma detenção.