Paulo Câmara exonera o comandante da PM, depois que soldados perderam o controle e atacaram manifestantes na capital. Vereadora do PT foi agredida com spray de pimenta. Dois cidadãos ficaram cegos por balas de borracha usadas por policiais

 

A repressão da Polícia Militar contra os manifestantes na capital pernambucana fez com que o comandante da corporação fosse exonerado do cargo pelo governador Paulo Câmara (PSB). Logo que as imagens da repressão policial começaram a rodar nas redes sociais, ainda no sábado, 29, o governador publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que não compactuava com a violência e que policiais e o comando seriam afastados até que a situação fosse apurada. Diante da pressão, o então comandante Vanildo Maranhão pediu a exoneração, mas o governo de Pernambuco informou por meio de nota que as investigações sobre a ação da polícia continuam.

Enquanto não se descobre a motivação da repressão, o fato é que dois homens foram atingidos por balas de borracha nos olhos. O adesivador Daniel Campelo da Silva, 51 anos e o arrumador Jonas Correia de França, 29 anos, tiveram lesões permanentes. Daniel, no olho esquerdo, e Jornas, no olho direito. As duas vítimas sequer participavam dos protestos no Recife. Apenas passavam pelo local no momento em que foram covardemente atingidos.

Também no Recife, a vereadora pelo Partido dos Trabalhadores, Liana Cirne, tentava impedir a ação dos policiais quando de dentro de uma viatura um dos agentes disparou spray de pimenta diretamente no rosto dela. A vereadora caiu no chão e os policiais partiram acelerando a viatura.

Eles mais pareciam atuar como bando e não como uma corporação do governo do estado que tem como função servir e proteger todos os cidadãos. Além de vereadora, Liana é professora da faculdade de Direito da UFPE. Após a agressão, ela declarou que o bolsonarismo está presente na corporação e que é preciso saber de quem partiu a ordem. Liana disse que pretende promover uma ação de dano moral coletivo contra a Polícia Militar e que os custos seriam revertidos para cursos preparatórios para os policiais.

No dia 27 de maio, o promotor de Justiça Westei Conde, da 7ª Promotoria da Cidadania da Capital, alertou sobre a necessidade de orientação da tropa policial durante os atos de manifestantes contrários ao presidente da República, no sábado, 29.

Segundo o Ministério Público de Pernambuco, mais de cem promotores de Justiça participaram da reunião quando o secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, foi “publicamente informado da necessidade de orientação ao efetivo da PMPE, de sorte a evitar eventuais excessos”, informa Westei.