Mais um inquérito contra Ricardo Salles
A ministra Cármen Lúcia do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou o pedido de abertura de inquérito apresentado pela Procuradoria Geral da República para investigar o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Assinado pelo vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros, o pedido teve origem da notícia-crime apresentada pelo delegado Alexandre Saraiva, ex-chefe da Polícia Federal no Amazonas, exonerado do cargo após acusar Salles de obstruir a maior investigação ambiental em favor de quadrilhas de madeireiros.
“Indicaram-se, naqueles autos, diversos episódios de atuação desses servidores em descompasso com as recomendações técnicas, com o objetivo de promover a regularização de cargas exportadas irregularmente e apreendidas pelas autoridades norte-americanas”, aponta Medeiros. “Tal cenário evidencia, de forma ampla, a necessidade de aprofundamento investigativo dos fatos”.
A relatora do caso é a ministra Cármen Lúcia. Foi ela quem pediu, há pouco mais de um mês, para a Procuradoria avaliar se havia indícios suficientes de crime que justificassem a abertura do inquérito. Na ocasião, a ministra apontou “gravidade incontestável” nas acusações contra Salles.
No requerimento enviado ao Supremo, Medeiros pediu autorização para convocar o ministro, proprietários rurais e agentes de fiscalização do Ibama e da Polícia Federal a prestarem depoimentos relacionados à Operação Handroanthus GLO, que mirou extração ilegal de madeira na Amazônia em 2020. O vice-procurador-geral também quer sinal verde para acessar a cópia dos procedimentos de fiscalização e investigação que ensejaram a operação.
Segundo Saraiva, o ministro ‘patrocina diretamente interesses privados’ de madeireiras e integra uma organização criminosa na condição de ‘braço forte do Estado’. Medeiros quer investigar se Salles cometeu advocacia administrativa, dificultou fiscalizações ambientais e embaraçou a investigação de infrações penais envolvendo organização criminosa.
O ministro já é alvo de outro inquérito no Supremo, conduzido por Alexandre de Moraes, que apura a suspeita de favorecimento de empresas na exportação ilegal de madeira. Em 19 de maio, ele chegou a ser alvo de buscas na Operação Akuanduba.