Centro Sérgio Buarque de Holanda | Fundação Perseu Abramo

Instituto Lula | Memorial da Democracia

 

14 de maio de 1990

GREVE SEM REPRESSÃO TEM ACORDO NA CSN

Cerca de 4 mil metalúrgicos ocupam a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), para impedir a demissão de 2 mil trabalhadores. Após uma paralisação de 12 horas, 625 funcionários foram readmitidos. A empresa firmou o compromisso de discutir com o Sindicato de Metalúrgicos de Volta Redonda novas medidas para sanear as finanças da CSN, que empregava então 20 mil trabalhadores. Para o diretor do sindicato, Jadir Batista, outras medidas de contenção de gastos poderiam ser adotadas, como a “demissão dos militares reformados que trabalham na CSN e moram de graça nas residências dos oficiais do Exército”.

 

15 de maio de 1984

BOIAS-FRIAS EM GREVE ENFRENTAM DITADURA

Cerca de dez mil boias-frias (trabalhadores rurais temporários) da região de Guariba (SP) entram em greve por melhores salários, condições de trabalho e de vida. Foi a primeira paralisação organizada por essa categoria de trabalhadores, recrutados para trabalhar na colheita de cana-de-açúcar e de laranja sem carteira assinada e muitas vezes em condições semelhantes ao trabalho escravo. A greve durou cinco dias e terminou num acordo intermediado pelo governo de São Paulo. Uma onda de greves de boias-frias se estenderia pelo interior de São Paulo e sul de Minas Gerais até o mês de setembro.

 

15 de maio de 2003

ESTATUTO PROTEGERÁ TORCEDOR BRASILEIRO

O presidente Lula sanciona o Estatuto do Torcedor, com o intuito de defender os interesses do torcedor na relação com os clubes de futebol e coibir a violência nos estádios. A lei nasceu de uma proposta do Executivo para obrigar as instituições a atuar de maneira organizada, transparente, de modo a combater a corrupção no futebol. A criação do estatuto foi um marco na democratização do futebol, anseio que remonta à época da ditadura.

 

17 de maio de 1932

SAI A LEI QUE PROTEGE TRABALHO DA MULHER

Getúlio Vargas assina e vira lei: “sem distinção do sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente salário igual”. No decreto havia várias cláusulas de proteção à mulher trabalhadora, entre elas a proibição do trabalho noturno — salvo em casos excepcionais. E as trabalhadoras grávidas não poderiam mais ser demitidas sem justa causa e teriam direito a quatro semanas de licença antes do parto e quatro semanas depois.

 

17 de maio de 2010

BRASIL ARTICULA ACORDO IRÃ-ONU

Os chefes de Estado do Irã, da Turquia e do Brasil assinam a Declaração de Teerã, segundo o qual o Irã se compromete a enviar à Turquia — sob supervisão da ONU — o urânio a ser enriquecido para uso em pesquisas médicas. O acordo foi construído após impasse entre o Irã e o Conselho de Segurança da ONU, no final de 2009 — que resultou em sanções contra o país. Turquia e Brasil, membros rotativos do órgão à época, defenderam a via diplomática para contornar a crise e se posicionaram contra as sanções, por julgá-las ineficazes. Apesar de posteriormente rejeitado pelas potências ocidentais, o acordo tripartite lançaria Brasil e Turquia como importantes articuladores no cenário internacional multipolarizado.

 

17 a 26 de maio de 1970

BISPOS CONDENAM PORÕES DA TORTURA

Durante a 11ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a igreja católica toma posição contra o autoritarismo e divulga documento em que denuncia os abusos do regime militar sobre os direitos humanos e sociais. A hierarquia religiosa, que havia apoiado o golpe de 1964, voltava-se agora contra a violência da ditadura. No dia seguinte à divulgação do documento, o arcebispo de Olinda e Recife, d. Helder Câmara, mundialmente conhecido e candidato ao Prêmio Nobel da Paz, denunciaria as torturas em Paris para uma plateia de dez mil pessoas. Ao regressar ao Brasil, tornou-se alvo de feroz campanha de desmoralização junto à opinião pública.

 

19 de maio de 2004

BRASIL CHEFIA MISSÃO DE PAZ NO HAITI

Diante da crise provocada pela deposição e exílio do presidente Jean-Bertrand Aristide, o Congresso Nacional autoriza o envio de 1.200 militares brasileiros para a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). O país passa, assim, a exercer o comando militar e a coordenar as ações das forças de paz, que contam inicialmente com 5 mil militares e policiais de 20 países diferentes. A crise no Haiti fora provocada pela deposição e exílio do presidente Jean-Bertrand Aristide, o que desencadeara uma guerra entre grupos rivais, com violência generalizada. Nesse cenário, o Brasil assumiria papel de destaque na pacificação do país e na garantia de condições básicas de salubridade e direitos — a Minustah deu especial atenção ao custeio de programas de rápido impacto social e de redução da violência.

 

20 de maio de 1953

LACERDA VAI À GUERRA CONTRA ‘ULTIMA HORA’

Pega fogo a guerra da UDN contra o jornal “Ultima Hora” e seu dono, Samuel Wainer. O objetivo, mais uma vez, é atingir o presidente Getúlio Vargas. Nas bancas, tomando quatro colunas, a manchete do jornal “Tribuna de Imprensa”, de Carlos Lacerda, acusa o veículo que nascera governista e havia rapidamente conquistado espaço e público, não apenas por ser o único a defender o governo Vargas, mas também por sua linguagem inovadora, qualidade gráfico-editorial e excelentes profissionais.

 

Maio de 1966

A RESISTÊNCIA SOBE AO PALCO DO TEATRO

Na produção teatral de 1966, três peças se destacam pelas críticas à realidade política e social brasileira, tornando-se referência na dramaturgia do país. São elas: “O Berço do Herói”, de Dias Gomes; “Navalha na Carne”, de Plinio Marcos; e “Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come”, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianninha. Inspirada nas experiências do Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, vence em maio de 1966 o 4º Festival Mundial de Teatro Universitário em Nancy, na França. Chico Buarque musicou os versos de João Cabral.

 

Esta seção é fruto da parceria entre o Centro Sérgio Buarque de Holanda, da FPA, o Memorial da Democracia e o Instituto Lula. Os textos remetem a um calendário de eventos e personalidades da esquerda que é colaborativo e está em constante atualização. Envie suas sugestões por e-mail para [email protected]