Reformas neoliberais geram onda de protesto e violência na Colômbia
A proposta foi amplamente rejeitada pela população colombiana, que tomou conta das ruas do país. A reação violenta das forças policiais às reivindicações populares já deixou pelo menos 19 mortos, 800 feridos e 87 pessoas desaparecidas. Em meio à escalada da violência, o ex-presidente de direita Álvaro Uribe publicou nas redes sociais uma mensagem, já bloqueada por violação das regras de incitação à violência, apoiando “soldados e policiais de usar suas armas para defender sua integridade e defender as pessoas e bens da ação criminosa do terrorismo dos vândalos.
Ainda que as manifestações tenham feito o governo recuar da proposta e resultaram na demissão do ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla, os ânimos na Colômbia estão longe de esfriar. “O protesto não diz respeito apenas à retirada da reforma tributária, mas a toda a política do governo de Iván Duque Márquez e do partido majoritário Centro Democrático”, aponta o comunicado da organização Ciudadanías Por La Paz de Colombia.
As reivindicações tratam “do bloqueio da implementação dos Acordos de Paz, por não proteger os líderes sociais assassinados quase diariamente (mais de 480 durante seu mandato) além da corrupção em todas as ordens que têm caracterizado seu governo”. Diz a nota: “Os manifestantes também exigem renda básica para as comunidades rurais e indígenas e para as pessoas de baixa renda que mais sofreram com as consequências da pandemia”, finaliza o comunicado.
A respeito da escalada da violência, a Organização das Nações Unidas (ONU) se declarou chocada com os acontecimentos em Cali, quando a polícia deliberadamente espancou e atirou contra manifestantes. Além das Nações Unidas, a União Europeia também condenou a brutalidade policial e pediu que os responsáveis pela repressão respondam por seus atos.
O Grupo de Puebla, que reúne líderes políticos íbero-americanos, incluindo os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, soltou nota em que manifesta preocupação com a situação de violência que se abate sobre a Colômbia e pelos excessos injustificáveis no uso da força que atentam contra as garantias e liberdades próprias da democracia e do Estado de Direito. “Fazemos um apelo à calma e ao diálogo. Ao mesmo tempo, rechaçamos o chamado temerário e irresponsável de dirigentes da direita aos membros da força pública para que utilize de forma indiscriminada armas contra a população civil que está nas ruas fazendo uso de seu legítimo direito de reivindicar seus direitos”, diz a nota.