Diante das trapalhadas diplomáticas do governo Bolsonaro, com ataques do próprio presidente e do ministro Paulo Guedes à China – o principal fornecedor das vacinas contra a Covid – o Fórum dos Governadores solicitou uma audiência ao embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para tratar do fornecimento de imunizantes e manter aberto o canal de diálogo com o gigante asiático.

“De pronto, estamos afirmando o nosso respeito ao povo da China, respeito pelo trabalho e gratidão pelo fornecimento de vacinas ao Brasil”, declarou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Ele é presidente do Consórcio Nordeste e coordenador da temática de vacina no Fórum Nacional de Governadores. O órgão quer garantir a manutenção do cronograma de envio do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), usado para fabricar o Coronavac.

Os governadores também querem a antecipação, já pedida em ofício enviado ao governo chinês em março, de 30 milhões de doses prontas da vacina chinesa. Para Dias, é de extrema importância a manutenção do cronograma de entrega de IFA para produção de vacinas pelo Instituto Butantan.

Os governadores pleiteiam a transferência tecnológica, pela China, da produção da Coronavac ao Butantan. “Exatamente por confiar e acreditar na vacina”, disse Dias. Ele considera importante vitória a decisão do presidente americano Joe Biden de apoiar a suspensão temporária das patentes de vacinas e medicamentos contra a Covid-19 enquanto durar o surto. A França e a Inglaterra também anunciaram apoio à medida.

“A quebra da patente permite que laboratórios, indústrias brasileiras, por exemplo, não precisem de autorização para produção do IFA no Brasil”, aponta o governador. “A suspensão das patentes também permite maior controle e regularidade na produção e distribuição”. Dias considera a medida a “melhor saída para o Brasil vacinar nosso povo mais cedo.

“A Fiocruz pode produzir a Astrazeneca e outras. O Butatan pode produzir IFA da Coronavac e outros. E a União Química, que já está autorizada a produzir IFA da Sputnik, vai poder iniciar [o desenvolvimento] com menos burocracia”, avalia. Os governadores trataram do assunto com a Organização Mundial da Saúde em março.