“A fundação cumpre um papel fundamental, com capacidade de pensar o Brasil”, destaca Dilma. Mercadante lembrou que, na crise, a entidade trouxe à tona o Plano de Reconstrução do Brasil. Ex-presidentes também celebraram a história e Laís e Zilah Abramo lembram do criador da organização, que morreu em 1996

 

Durante o evento de celebração dos 25 anos da Fundação Perseu Abramo, transmitido ao pela internet, vários dirigentes do PT e intelectuais que participaram de sua construção destacaram o papel histórico da instituição ao longo dos anos e o desafio de transformar e reconstruir o Brasil diante da pandemia e do governo Bolsonaro. Participaram o presidente da FPA, Aloizio Mercadante, a diretora Elen Coutinho e a presidenta de honra do Conselho Curador, a ex-presidenta Dilma Roussef.

“A fundação foi a mais longeva instituição para além das direções do partido. E cumpre um papel fundamental nessa trajetória, com capacidade de pensar o Brasil”, disse a ex-presidenta. “Neste momento estamos diante de limitações a pandemia nos impõe, a FPA ganha maior relevo instrumento de formação e elaboração suporte às lutas populares e planos de governo, de luta e disputa intelectual, moral e ideológica diante do crescimento dos valores da extrema direita”.

Em um vídeo de abertura, a ex-presidenta da Fundação Perseu Abramo e esposa de Perseu, a militante Zilah Abramo, lembrou que no final da vida dele a última tarefa do jornalista e sociólogo como secretário de Formação Política do PT foi estudar a criação de órgão. “Recebemos como legado todas aquelas características que foram fundamentais na vida dele: a seriedade profissional, o compromisso com os princípios do partido, o sentido ético e o respeito à pluralidade de opiniões”, afirmou.

A presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann saudou a fundação: “Inspirados na genialidade de Perseu Abramo, Sérgio Buarque de Holanda, Antonio Candido e tantos outros pensadores maravilhosos, que tivemos a honra de ter ao nosso lado, desejo força e sucesso para todos nós nessa empreitada que é a razão de ser da criação do PT”.

Mercadante abriu o evento falando sobre a história agregadora da FPA, que reúne intelectuais, pensadores, líderes e dirigentes empenhados na formulação de políticas públicas e programas de governo ao longo de toda a história do PT, na resistência ao Golpe de 2016 e aos retrocessos decorrentes. “Nessa fase organizamos os Núcleos de Acompanhamento das Políticas Públicas – os Napps –, defendendo o legado do PT e apresentando alternativas ao Congresso. O produto mais importante por demanda do PT foi o Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil”, afirmou.

Ele agradeceu ainda o apoio da presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e do presidente do Conselho Curador, Fernando Haddad. Mercadante destacou ainda o papel de Marco Aurélio Garcia na organização do Centro Sérgio Buarque de Holanda. Mercadante homenageou ainda todas as pessoas que perderam a vida em decorrência da Covid-19 na pessoa de Vilson Augusto de Oliveira, diretor da Escola Nacional de Formação do PT, militante histórico, morto em abril.

Fundações parceiras que compõem o Observatório da Democracia mandaram saudações pelo aniversário da FPA, como a Maurício Grabois (PCdoB), Lauro Campos-Marielle Franco (PSOL), João Mangabeira (PSB), Leonel Brizola-Alberto Pasqualini (PDT), Astrojildo Pereira (Cidadania), a Fundação Friedrich Ebert, da Alemanha, além de organizações como a Contag e a CUT.

A diretora Elen Coutinho disse estar honrada por dividir a celebração com Dilma e Mercadante, tão importantes na história do Brasil, especialmente para geração de jovens que acessaram a universidade a partir dos governos do PT. E afirmou que a FPA se tornou referência para intelectuais, artistas, simpatizantes e militantes.

Quatro ex-presidentes da FPA enviaram vídeos para falar sobre o papel histórico da organização e seus desafios. Luiz Dulci disse que criar a fundação do PT era um sonho. E lembrou da atuação do fundador: “Perseu, por suas qualidades intelectuais e morais, era um homem exemplar do ponto de vista do socialismo democrático que sempre nos inspirou”.

Hamilton Pereira afirmou que de todos os instrumentos construídos para viabilizar a vocação transformadora do PT a fundação é a mais sólida e duradoura. “Ela se constituiu como espaço autônomo, solidário com o partido, para cumprir com seu objetivo permanente de consolidar cultura política socialista e democrática”, disse.

Nilmário Miranda também lembrou de sua passagem pela FPA. “Corremos o Brasil para fazer um debate preparando eleição da Dilma e fizemos um trabalho muito importante com as demais fundações para avançar na democracia”, disse. “Além de pesquisas de interesse da sociedade sobre LGBT, juventude, mulheres, indígenas e uma relação intensa com a política externa. Um balanço importantíssimo, documentado em livros”.

Marcio Pochmann comentou que após 25 anos a fundação continua a ser o braço intelectual do PT. “São anos de trabalho de produção do conhecimento e sobretudo difusão, articulada e integrada com diversos segmentos preocupados com a mudança da sociedade brasileira, com a emergência do novo sujeito social, diante da sociedade de serviços, que requer uma nova forma de fazer política”, destacou.

Em vídeo, Laís Abramo falou em nome da família. “É uma honra pra nós, da família Abramo, que a fundação tenha o nome do nosso pai, que dedicou à construção e consolidação do partido uma parte muito importante de sua energia nos 16 anos transcorridos desde aquele dia no Colégio Sion em 1980 até sua morte em 1996”.

Um depoimento em vídeo do intelectual Antonio Candido finalizou o evento: “Estou envolvido na coordenação do seminário sobre socialismo, e a fundação é uma das instituidoras desse seminário. Temos publicações como resultado desse seminário que é muito interessante, que tẽm espalhado o pensamento do Partido dos Trabalhadores por todo o país”.