Em uma decisão considerada histórica por especialistas, os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira, 5, seu apoio à suspensão de patentes de vacinas contra a Covid-19, durante o surto global da pandemia. O anúncio partiu de Katherine Tai, representante dos EUA em assuntos de comércio exterior em comunicado oficial, informando que a “gestão Biden-Harris” é favorável à “suspensão de proteções de propriedade intelectual de vacinas contra a covid-19”.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem feito a defesa da quebra das patentes para o enfrentamento da pandemia elogiou a iniciativa do presidente democrata. “Quero saudar essa decisão histórica do governo Biden”, disse. “Desde 2020 defendemos que a suspensão do monopólio das patentes é a única saída para vacinação em massa de toda a população”, lembrou. Em março, Lula fez a defesa da quebra das patentes em entrevista à Cristiane Amampour, da CNN. O governo Bolsonaro é contra a iniciativa.

Um projeto de iniciativa do senador Paulo Paim (PT-RS), aprovado há duas semanas no Senado, permite a suspensão temporária das patentes durante a crise sanitária, permitindo a produção em maior escala de vacinas e outros medicamentos. A proposta está tramitando agora na Câmara dos Deputados, mas o Palácio do Planalto é contra a iniciativa.

O comunicado do governo dos EUA vai na linha do que tem preconizado Lula e o PT. “Essa é uma crise sanitária global, e as circunstâncias extraordinárias da pandemia de Covid-19 pedem por ações extraordinárias”, disse o comunicado de Tai. “O governo federal acredita fortemente nas proteções da propriedade intelectual, mas para que a pandemia possa ter fim, defende o levantamento dessas proteções para vacinas anticovid”.

O governo americano declarou que os Estados Unidos vão “participar ativamente” de negociações sobre isso na Organização Mundial do Comércio (OMC). A iniciativa foi apoiada pelos governos do Reino Unido e da França. O presidente Emmanuel Macron se mostrou favorável à medida, assim como o primeiro-ministro Boris Johnson.