A semana na história – 7 a 13 de maio
Centro Sérgio Buarque de Holanda | Fundação Perseu Abramo
Memorial da Democracia
11 de maio de 1937
SÍTIO DO CALDEIRÃO, NO CEARÁ, É MASSACRADO
Duzentos homens da polícia militar do Ceará, munidos de fuzis e metralhadoras, invadem e exterminam a pacífica comunidade de Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, no município do Crato, região do Cariri. O ataque teve o reforço de bombas lançadas por dois aviões enviados pelo ministro da Guerra, Eurico Gaspar Dutra. Os que não morreram na hora foram caçados por policiais e jagunços a serviço dos coronéis. Muitos deles morreram degolados. Mais de 200 soldados destruíram o povoado e metralharam os colonos, dizimando aquele povo pacífico. O Exército não guardou registros da operação e até hoje nega o massacre.
11 de maio de 1939
INTEGRALISTAS TENTAM DERRUBAR GETÚLIO
Integralistas atacam o palácio Guanabara, residência do presidente e sua família, e fazem outras operações armadas no Rio de Janeiro, capital da República. Getúlio comandou pessoalmente a resistência, organizada inicialmente por alguns parentes e poucos auxiliares, armados unicamente de revólveres. Durante quase cinco horas, houve intenso tiroteio, sem que nenhum tipo de ajuda chegasse para defender o presidente e sua família O ataque só terminou horas depois, quando o tenente Severo Fournier resolveu fugir com seus homens.
9 de maio de 1964
CARLOS MARIGHELLA RESISTE À PRISÃO
O ex-deputado comunista Carlos Marighella é localizado e preso por agentes do Dops carioca dentro de um cinema no bairro da Tijuca. Enfrentando os policiais com socos e gritos de “abaixo a ditadura militar fascista!” e “Viva a democracia!”, Marighella recebeu um tiro à queima-roupa no peito. Dominado, foi levado ao Hospital Souza Aguiar e de lá para a Penitenciária Lemos Brito. Ficou três meses preso e, antes de cair mais uma vez na clandestinidade, publicou em 1965 o livro “Por Que Resisti à Prisão”, uma denúncia contra a ditadura.
13 de maio de 1964
DITADURA ROMPE RELAÇÕES COM CUBA
O Brasil rompe relações diplomáticas com Cuba, assinalando a mudança de orientação da política externa brasileira. A nova atitude em relação a Cuba, primeiro país da América Latina a se declarar socialista, decorreu do alinhamento ideológico e diplomático aos norte-americanos, que combatiam o regime de Fidel Castro e haviam patrocinado a fracassada tentativa de invasão do país por anticastristas na Baía dos Porcos. Como recompensa, os EUA ofereceriam ajuda econômica e militar à ditadura brasileira.
10 de maio de 1985
EMENDÃO REMOVE O LIXO AUTORITÁRIO da ditadura
Menos de dois meses depois da posse do presidente José Sarney, é aprovado pelo Congresso o Emendão, como ficou conhecido o pacote de emendas constitucionais que alteraria vários dispositivos da Constituição em vigor, suprimindo leis da ditadura outorgadas em 1967 pelos militares. A supressão de todos os atos de exceção e dispositivos legais antidemocráticos foi um dos compromissos firmados pela Aliança Democrática – a coalizão entre o PMDB e dissidentes do PDS (Frente Liberal) que elegeu Tancredo Neves e José Sarney no Colégio Eleitoral.
12 de maio de 1978
MÁQUINAS FICAM PARADAS NAS FÁBRICAS DO ABC
Trabalhadores do turno da manhã da fábrica de caminhões da Scania-Vabis, em São Bernardo do Campo (SP), batem o cartão de ponto e cruzam os braços diante das máquinas. É o inicio de uma onda de greves por melhores salários que iria tomar conta da região do ABC paulista e se espalhar pelo país nos meses seguintes. A paralisação na Scania desafiava a lei antigreve da ditadura e surpreendeu os patrões por sua organização: sem piquetes e com a adesão pacífica dos quase 2.500 trabalhadores de todos os turnos. A principal reivindicação era um reajuste salarial de 20%.
10 de maio de 1985
PARTIDOS COMUNISTAS VOLTAM à LEGALIDADE
A aprovação do Emendão devolveu a legalidade aos partidos proscritos. Assim, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), criado em 1922 e posto na ilegalidade em 1946, pôde finalmente recobrar seu registro e o direito de participar das eleições e da vida política nacional. A medida beneficiou também o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), fundado em 1962 a partir de uma dissidência do PCB.
12 de maio de 1988
MOVIMENTO NEGRO SE TORNA MAIS VISÍVEL
No centenário da assinatura da Lei Áurea, as principais entidades do movimento negro se recusam a participar de festas oficiais, focadas na figura da princesa Isabel. As organizações realizam atos públicos em diversas cidades do país, que lembram a luta dos escravos. Os militantes protestam contra a discriminação, a exclusão e os problemas sociais ainda enfrentados pela população afrodescendente. No Rio de Janeiro, grupos saem às ruas entoando versos contra o racismo no Brasil, como os do samba-enredo da Mangueira: “Será que já raiou a liberdade ou foi tudo uma ilusão?” Apesar da natureza pacífica do protesto, a polícia cercou os manifestantes, impedindo-os de se aproximar do monumento a Duque de Caxias.
10 de maio de 1986
PADRE JOSIMO É ASSASSINADO A TIROS EM IMPERATRIZ (MA)
O padre Josimo Tavares, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), é assassinado com dois tiros dados pelas costas pelo pistoleiro Geraldo Rodrigues, em Imperatriz (MA). Pelo crime, Geraldo recebeu 50 mil cruzados de Osmar Teodoro da Silva, proprietário de terras e vereador pelo PMDB. O padre foi vítima da repressão no campo na sua forma privada, em que milícias, jagunços e matadores resolvem, por meio do assassinato, as pendências da posse da terra.
Esta seção é fruto da parceria entre o Centro Sérgio Buarque de Holanda, da FPA, e o Memorial da Democracia. Os textos remetem a um calendário de eventos e personalidades da esquerda que é colaborativo e está em constante atualização. Envie suas sugestões por e-mail para [email protected]