“Com base nos autos, só há uma decisão: A minha inocência”
Só há uma decisão a ser tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no que diz respeito ao julgamento, pelo plenário da Corte, sobre decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações do líder Luiz Inácio Lula da Silva: o reconhecimento da inocência do ex-presidente da República.
Em entrevista ao programa O Povo, da CBN de Fortaleza, concedida na manhã de quinta-feira, 15, Lula rebateu o falso argumento de que a anulação de seus processos, assim como a confirmação da suspeição de Moro, invalida outras condenações da Lava Jato. Lula deixou claro que o que está em questão é a injustiça cometida especificamente contra ele. E ressaltou que tinha a consciência tranquila com o julgamento.
“Estou tranquilo. Tem gente que gosta de fazer confusão, dizendo que a anulação dos meus processos é a anulação da Lava Jato”, criticou o ex-presidente. “É a anulação do meu caso. A minha briga é com o meu caso específico. Estou discutindo a minha inocência. Se alguém roubou que seja preso”.
Lula lembrou que sua defesa denunciou, ainda em 2016, as manobras da Lava Jato para condená-lo sem provas, evidenciando a parcialidade do então juiz Sérgio Moro, então titular da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba. Há cinco anos, a defesa de Lula sustenta que Moro articulou com o Ministério Público a maior farsa jurídica da história, instruindo os procuradores da República responsáveis pelo caso, que promoveram uma perseguição implacável.
“O que está em jogo, portanto”, insistiu Lula, “é a suspeição de Moro, apontada pela defesa e confirmada pelas reportagens da Vaza Jato, do site The Intercept, e pelas conversas vazadas entre integrantes do Ministério Publico e Moro, obtidas pela Polícia Federal na Operação Spoofing”.
“Foi criado um powerpoint que dizia que eu era chefe de uma quadrilha”, lembrou o ex-presidente. “Era a necessidade que eles tinham de me envolver no processo da Lava Jato e me levar para Curitiba. Era uma obsessão do Moro e do [Deltan] Dallagnol evitar que eu fosse candidato em 2018”.
“Acontece que esse processo do quadrilhão já foi derrotado, já foi vencido em Brasília, não existe mais”, argumentou Lula. Ele ressaltando que a defesa entrou, ainda em 2016, com um pedido de anulação da condenação na 13ª Vara de Curitiba. “Não sei porque demorou quase cinco anos para que fosse julgado, mas agora estamos provando as mentiras contadas a meu respeito”, comentou.
Lula reiterou que foi condenado por “fato indeterminado”, uma vez que Moro não tinha do que acusá-lo. “Se um juiz não tinha porque me condenar, por que me condenou?”, questionou. “Eu já provei a minha inocência. Eu quero que apareça no Brasil alguém para provar a minha culpa”, desafiou.
O ex-presidente voltou a condenar a atuação desumana e falta de empatia de Jair Bolsonaro com as mais de 365 mil vítimas da Covid-19 no Brasil. “Vocês acham que tenho prazer de chamar o Bolsonaro de genocida? Infelizmente esse cidadão fez tudo diferente do que a ciência brasileira orientou a fazer”, lamentou.
Lula apontou a negligência do ocupante do Planalto na compra de vacinas contra a Covid-19. Apresentado uma lista de imunizantes, o ex-presidente indicou que Bolsonaro deixou de adquirir 700 milhões de doses de vacinas diversas e atirou a população à própria sorte na maior crise sanitária da história do país.
Lula reafirmou que sua prioridade em 2021 é brigar para consertar o Brasil, atualmente vítima do desgoverno Bolsonaro. Ele lamentou que o povo esteja passando fome e defendeu que o governo pague urgentemente um auxílio de R$ 600 enquanto durar a pandemia. Além disso, afirmou que vai lutar para que todos os brasileiros sejam vacinados.
Comparando ao quadro atual de miséria no Brasil com o de sua infância, Lula frisou que saiu de Pernambuco em um pau de arara, em 1952, para fugir da fome. “Nunca vi tanta fome como agora, em São Paulo, na periferia, em Fortaleza, no interior de Pernambuco”, espantou-se. “Há um desrespeito total com o pobre nesse país. A escravidão permanece. As pessoas tem ódio quando o pobre sobe um degrau”, disse. Ele lembrou que, nos governos do PT o Brasil tinha saído do Mapa da Fome das Nações Unidas. • Agência PT