Na CNN, o estadista cobra ajuda: “É preciso convocar o G-20 para garantir vacina a todos”
Ex-presidente pede a Joe Biden que reúna os líderes mundiais em torno de um plano de acesso universal a imunizantes. Na entrevista à Cristiana Amanpour, ele afirma que prioridade é salvar o país
A desigualdade do acesso mundial às vacinas contra a Covid-19 está no centro das preocupações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista à CNN americana, Lula anunciou que pediu ajuda ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para que convoque o G-20 – o grupo das 20 maiores Nações do mundo – para debater um plano que permita o acesso de todos os países aos imunizantes produzidos no planeta. “A prioridade é salvar o país”, disse.
E cobrou ajuda da comunidade internacional. “Uma sugestão que gostaria de fazer ao presidente Biden no seu programa é que é muito importante convocar uma reunião do G20 com urgência”, declarou Lula. “É importante chamar as principais lideranças do mundo e colocar em volta da mesa uma só coisa, uma questão: Vacina, vacina e vacina”.
A entrevista concedida à jornalista americana Christiane Amanpour, Lula citou como exemplo as vacinas excedentes em poder do governo dos Estados Unidos, que poderiam ser distribuídas aos países pobres.
Ele chamou a atenção para a enorme responsabilidade dos líderes mundiais e disse que faz o pedido ao presidente americano porque não acredita na capacidade do governo brasileiro, liderado por Jair Bolsonaro. Além disso, não poderia apelar para Donald Trump. “Mas Biden é um alento para a democracia no mundo”, justificou o ex-presidente.
Lula lembrou da desastrosa atuação de Bolsonaro na pandemia – “muitas mortes poderiam ter sido evitadas” – e condenou a falta de vacinas no país. A CNN recuperou trechos do histórico discurso de Lula na semana passada, em São Bernardo do Campo, quando ele aconselhou a população “não seguir qualquer decisão imbecil do presidente e do ministro da Saúde”.
O ex-presidente do Brasil reiterou que o foco agora não é discutir as eleições de 2022, mas sim ajudar o Brasil a sair da profunda crise em que se encontra. “Quando chegar o momento de concorrer às eleições, e se meu partido e os demais partidos aliados entenderem que eu posso ser o candidato, e se estiver bem, com saúde e a energia que tenho hoje, não vou negar o convite, mas não quero falar sobre isso”, ressaltou. “Essa não é a minha principal prioridade. Minha prioridade agora é salvar este país”.
O Brasil atravessa neste momento o pior momento da pandemia, com as capitais e demais cidades brasileiras mergulhadas na mais grave crise sanitária. O Brasil tem registrado recordes diários de casos e de mortes por Covid-19. Já são mais de 11,6 milhões de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus e ao menos 282 mil mortes causadas pela doença no país desde o início da pandemia.
Na terça-feira, 16, a Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério da Saúde, classificou a atual emergência no país como “o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil”.
“Se tivéssemos um presidente que respeitasse a população, ele teria criado um comitê de crise para orientar a sociedade brasileira sobre o que fazer a cada semana”, acrescentou o ex-presidente.