PARTIDO PODE LIDERAR COMBATE AO RACISMO – 1999/2000

Os negros e negras do Partido dos Trabalhadores estão “radicalizando a democracia partidária”. Antes mesmo da abertura do II Congresso Nacional do PT, o grupo já chegou em Belo Horizonte trazendo na bagagem o nome do novo secretário nacional de Combate ao Racismo. Carlos Porto, que há 15 anos milita no PT e na causa negra em Campo Grande (MS), foi eleito o novo secretário durante o VI Encontro Nacional dos Negros e Negras do PT, realizado em outubro, em São Paulo.

A organização do setor não pára por aí. Entre as 12 teses lidas durante o Congresso está “O combate ao racismo no PT é outra história”, elaborada pelo grupo. Porto afirmou que a Secretaria pretende intensificar a luta pela elaboração de políticas públicas mais eficientes para o combate ao preconceito racial. “O PT tem força suficiente para liderar um enfrentamento ao racismo”. Mas o Partido, diz, “nunca se colocou verdadeiramente nesta luta”. A partir da vivência partidária e das administrações petistas, “é possível irradiar uma campanha poderosa e fraterna em busca da igualdade racial”, avaliou.

“Racismo é instrumento de dominação”

A tese “O combate ao racismo no PT é outra história” considera que “as desigualdades raciais no Brasil não podem ser explicadas unicamente pela contradição principal que se estabelece entre os que detêm os meios de produção e os que possuem apenas sua força de trabalho”. O racismo, afirmam os defensores da tese, “atua como um instrumento de dominação social, determinando a participação subordinada de grupos não-brancos na estrutura de poder e riqueza da sociedade”.

Conforme a tese, “a estratégia utilizada pelo Estado brasileiro tem sido a de garantir a manutenção do racismo e a conseqüente exclusão do povo negro dos espaços de desenvolvimento social, econômico, cultural e político”. O racismo, defende o texto, é usado como instrumento de dominação. E a implementação do combate ao racismo, avaliam, não foi ainda totalmente incorporada pelo PT, “mesmo considerando as conquistas obtidas”, como a criação da Secretaria Nacional de Combate ao Racismo. Mas ao “encarar o combate ao racismo e a discriminação como setorial, como tarefa exclusiva dos próprios discriminados e atingidos pelo racismo, o PT comete um equívoco”.

Para os defensores do documento, “não haverá socialismo enquanto houver racismo”, portanto, é necessário “lutar por uma verdadeira democracia racial”, afirmam. E, concluem, “o PT não deve fugir da discussão sobre a questão racial”.

Fonte: PT Notícias, nº 87, dezembro de 1999 a janeiro de 2000, p. 09. Acervo: CSBH/FPA.

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