OS NÚMEROS COMPROVAM O RACISMO – 1982

Eduardo Matarazzo Suplicy

A fundação IBGE, atendendo a solicitação de inúmeros cientistas sociais e de representantes negros, voltou a incluir questões sobre cor no Censo de 1980. O IBGE já havia publicado os dados referentes à participação de brancos, pretos, pardos (entendidos como mulatos, mestiços, índios, caboclos, mamelucos, cafusos etc) e amarelos entre a população. Mas ainda não havia divulgado dados sobre as características sociais desses diferentes grupos étnicos.

Sem instrução

Entre 102.421.730 brasileiros de 5 anos ou mais, há 35% sem instrução ou com menos de 1 ano de instrução. Enquanto entre os 56.583.471 de cor branca essa proporção é de 25% e entre os 698.847 de cor amarela é de 15%, tanto entre os 6.185.385 de cor preta quanto entre os 38.693.905 de cor parda essa proporção é de 48%, portanto, muito superior.

Baixa renda

O grau de instrução está longe de ser razão única, mas não há dúvida que influencia o nível de renda das pessoas. O Censo de 1980 registrou 43.796.763 pessoas economicamente ativas de 10 anos ou mais. Dentre essas, 55,9% ou 24.507.289 são de cor branca; 36,5% ou 15.993.177 de cor parda; 6,5% ou 2.874.208 de cor preta; e 0,74% ou 324.280 de cor amarela.

A proporção de pessoas com rendimentos até um salário mínimo é de 33% entre toda a População Economicamente Ativa (PEA); 24,1 % entre as de cor branca; 44,7% entre as de cor parda; 46,9% entre as de cor preta e de 10,0% entre as de cor amarela.

A proporção de pessoas com rendimento igual ou inferior ao mínimo, portanto, é quase duas vezes maior para as de ascendência negra ou indígena do que para os brancos.

Fonte: Jornal dos Trabalhadores, ano I, nº 02, abril de 1982, p. 06. Acervo: CSBH/FPA.

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