Mário Pedrosa, 120 anos

 

Mário Pedrosa (1900-1981) faria 120 anos em 2020. Nascido na cidade de Timbaúba em Pernambuco, Pedrosa foi o mais importante crítico de arte brasileiro e um ativista político incansável.

A trajetória intelectual de Mário Pedrosa é indissociável de seu posicionamento político. Em 1913, Pedrosa viaja a Suiça para realizar seus estudos no Institut Quinche. No ano de 1920, quando já vivia na cidade de São Paulo, no efervescente ambiente cultural anterior a Semana de Arte de 1922, tornou-se crítico literário no jornal Diário da Noite, onde produzia artigos de política internacional e crítica literária já anunciando a relação prolífica entre arte e política que marcaria sua produção intelectual.

Em 1923, Pedrosa formou-se na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Seu contato com o marxismo e o avanço dos movimentos trabalhistas desemboca em sua filiação do Partido Comunista Brasileiro em 1926 e foi encaminhado para estudos na Escola Leninista de Moscou, porém terminou viajando a Berlim onde desenvolveu seus estudos sobre economia, política e arte.

No ano de 1929, quando retornou ao Brasil, Mário Pedrosa passa a atuar na ala trotskista do PCB. Mantém sua simpatia pelo comunismo de viés trotskista na década de 1930. Em 1933, Pedrosa inicia suas atividades como crítico de arte no Clube dos Artistas Modernos, quando apresentou sua famosa conferência a respeito da artista expressionista alemã Käthe Kollwitz.

Em 1937, com o advento do Estado Novo no Brasil, Pedrosa se exila em Paris. Nesse período, participa da fundação da IV Internacional Socialista. Em 1938, passou a viver em Nova York e trabalhou no recém fundado Museu de Arte Moderna – MoMA. Ali intensifica seu trabalho como crítico de arte.

A partir de 1945, de volta ao Brasil, Mário Pedrosa passou a colaborar com o jornal carioca Correio da Manhã, na área de arte e cultura. Foi um dos entusiasmados apoiadores da fundação do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Bienal de São Paulo nesse período. Em 1948, foi um dos fundadores da Associação Internacional de Críticos de Arte – AICA, manteve como um colaborador ativo da associação.

Em 1945, ingressou no Partido Socialista Brasileiro. Nesse momento funda e dirige o semanário Vanguarda Socialista. Conjuntamente a suas atividades políticas, Pedrosa foi o responsável artístico pela Bienal de São Paulo de 1953 e, em seguida, em sua tarefa de crítico de arte foi um dos principais incentivadores do concretismo e do neoconcretismo no Brasil. Sua relação com artistas como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Ivan Serpa, Lygia Pape, Abraham Palatinik e Antonio Manuel foi fundamental para o desenvolvimento criativo da arte brasileira nas décadas de 1950 e 1960.

O golpe de 1964 e a instalação da ditadura militar no Brasil, com a subsequente perseguição às esquerdas e ao mundo da cultura, levou Mário Pedrosa a se exilar. Em 1971 chegou ao Chile e tornou-se um colaborador do governo socialista de Salvador Allende. Nesse momento, coordenou a instalação do Museu da Solidariedade no Chile, quando artistas do mundo inteiro enviaram obras de arte em apoio ao governo de esquerda do país.

Após o golpe de 11 de setembro de 1973 no Chile, Mário Pedrosa deslocou-se para o México e em seguida para Paris. De volta ao Brasil, em 1977, Pedrosa participa dos esforços de reconstrução do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro após seu incêndio em 1978. Politicamente, participa ativamente da fundação do Partido dos Trabalhadores em 1980.

Nessas breves linhas biográficas, podemos verificar a imensa importância de Mário Pedrosa para o Brasil. Em um momento tão difícil de nossa história como o que vivemos agora, a comemoração da vida de Pedrosa e a lembrança de seus ensinamentos, ainda profundamente atuais, é mais do que necessária.

Nesse projeto de homenagem a Mário Pedrosa convergimos memória, arte e política retomando as vertentes em que a atuação pública e intelectual do homenageado se desenvolveu.

Esse projeto está dividido em três vertentes de exibição:

a) Memórias de Mário: reunimos os depoimentos do artista Antonio Manuel, da professora Daisy Peccinini, ambos sobre suas vivências com Mário Pedrosa e o de Sabrina Parracho, acerca da exposição “Alegria de viver, alegria de criar”. Além disso, estão também nessa vertente o conjunto dos registros das mesas do seminário “Mário Pedrosa, 120 anos”.

b) Revolução Sensível: exposição de arte, com curadoria de Márcio Tavares, e com a participação dos artistas: Ana Flores, André Petry, Cila Macdowell, Ding Musa, Estela Sokol, Jorge Francisco Soto, Mahyrah Alves, Marcelo Armani, Marcelo Brodsky, Maria Tuti Luisão, Patrícia Froes, Paul Setúbal e Rubens Pileggi.

c) O que não é floresta é prisão política: reedição em modo digital da exposição organizada pelo coletivo Galeria Reocupa.

 

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