BRASILEIRAS NO II ENCONTRO – 1997

Lucimar Alves Martins

A partir de articulação nacional, 27 mulheres negras, entre delegadas, observadoras e participantes das oficinas, estiveram presentes ao II Encontro de Mulheres Afro-Latino americanas e Afro-Caribenhas, ocorrido de 2 a 6 de dezembro de 1996 em San José (Costa Rica) e, juntamente com representantes do Panamá, Peru, Equador, República Dominicana, Haiti, Belize, Colômbia, Curaçao, Honduras, Nicarágua, Uruguai e, ainda, Trinidad Tobago, Estados Unidos, Porto Rico, México, definiram a estrutura organizacional da Rede de Mulheres Afro-Latino-americanas e Afro-Caribenhas, bem como suas ações para os próximos dois anos.

O processo de preparação para o II Encontro se deu, a meu ver, num momento muito difícil da organização das mulheres negras, tendo em vista sua desarticulação. Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF) foram sedes das três reuniões preparatórias, marcadas por muitas divergências, causadas, sobretudo, pelas dificuldades que muitas tiveram em compreender que se tratava de articulação que tinha como objetivo principal assegurar a participação das mulheres negras no II Encontro. Sendo sua legitimidade dada pela presença de representantes de diferentes entidades, dos mais de sete Estados participantes.

A realidade multifacetada, expressa na diversidade inerente ao movimento negro, tomou lugar privilegiado na trajetória desta articulação, impondo-nos limitações que, de certa forma, impossibilitaram a realização de uma discussão mais aprofundada sobre a Rede ou da nossa intervenção no evento. Por exemplo, não conseguimos elaborar o documento brasileiro, o que nos causou desastrosas consequências.

Em que pese todos os problemas enfrentados, devemos saber analisar os avanços que resultaram desta articulação, uma vez que tivemos uma delegação brasileira participando em evento de âmbito internacional, a partir de ação conjunta dos diferentes segmentos de mulheres negras do País, o que é um fato inédito.

Constatamos, sem surpresa, que a trajetória organizativa do II Encontro foi difícil para todos os países presentes. O II Encontro pautou-se pela organização da Rede, para que a mesma possa traduzir-se em instrumento de enfrentamento e combate da discriminação racial que leva à exclusão sócio-político-cultural mulheres negras de toda a América Latina.

As principais resoluções do II Encontro foram: eleição de Costa Rica como sede da Rede até 1998; a realização do III Encontro em dezembro de 1998, na Colômbia; e uma campanha visando sensibilizar a ONU a instituir o ano 2000 como o “Ano da Mulher Negra”. Além do meu nome, os das companheiras Joana Angélica (RJ) e Edileusa Penha (ES) foram referendados como coordenadoras da Rede no Brasil.

Lucimar Alves Martins, membro da Coordenação da Rede de Mulheres Afro-Latino- americanas e Afro-Caribenhas no Brasil

Fonte: PT Notícias, nº 38, março de 1997, p. 06. Acervo: CSBH/FPA.

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