Entraram em pânico. Num único dia – foi uma terça-feira, ah! como eu me lembro! – perdemos quase 70 por cento de nosso faturamento. Alguns clientes cancelaram toda a programação. Muitos jornais que apoiavam Goulart ainda tentaram manter uma linha editorial coerente, criticando os políticos e militares golpistas. Alguns eram veículos poderosos. Mídia certa, programada pelos mais variados anunciantes. O resultado foi imediato. Telefonema após telefonema, a ordem era a mesma:

Entraram em pânico. Num único dia – foi uma terça-feira, ah! como eu me lembro! – perdemos quase 70 por cento de nosso faturamento. Alguns clientes cancelaram toda a programação. Muitos jornais que apoiavam Goulart ainda tentaram manter uma linha editorial coerente, criticando os políticos e militares golpistas. Alguns eram veículos poderosos. Mídia certa, programada pelos mais variados anunciantes. O resultado foi imediato. Telefonema após telefonema, a ordem era a mesma:

– Corta da programação!

Beneficiados foram os picaretas dos Diários Associados que logo inventaram a campanha "Dê ouro para o bem do Brasil" – promoção legal para puxar o saco dos novos poderosos e embolsar algumas aliancinhas dos incautos.

Alguns meses depois dos cortes ideológicos o senhor ministro Roberto Campos tomou certas providências antiinflacionárias que generalizaram a sessão de poda.

Quando os marchadores e patrióticos anunciantes perceberam o tamanho da peroba recessiva que seu querido governo estava lhes aprontando… Entraram em pânico. Num único dia – foi uma terça-feira, ah! como eu me lembro! – perdemos quase 70 por cento de nosso faturamento. Alguns clientes cancelaram toda a programação.

A crise e o desemprego atingiram a todos. Cada empresa tratou de se virar como foi possível. Alguns – como nós – trataram de afiar a criatividade. Outros… a filha-da-putice. Um telefonema amigo deu o alarme:

– Venham já pra cá! O assunto é muito urgente!

Na sala da diretoria da Semp a conversa foi curta e objetiva:

– Mais do que nossa agência, vocês são nossos amigos. Esteve aqui o contato de um concorrente de vocês trazendo uma ficha policial sobre suas atividades políticas. É claro que isso nos interessa e vocês têm toda a nossa confiança profissional. O que vocês precisam é se precaver… Ele deve estar visitando seus outros clientes.

Estava. O crápula era um principiante que trabalhava para S.J. de Mello – uma agência dirigida por pastores protestantes. Se eles concordavam ou não com os métodos bíblicos utilizados pelo seu colaborador, é coisa que não sabemos. Mas que queriam comungar messânicamente as nossas contas… sobre isso não há a menor dúvida!

NA PIOR HORA DA LUTA SEMPRE APARECE UM FILHO DA PUTA!