O prédio do Museu tem muitos andares. A exposição sobre a História do Partido ocupa três andares. Um andar é dedicado ao período 1921-1949. Nele o pai de Xi Jinping aparece 1 vez. Outro andar é dedicado ao  período 1949-2012. Nele há uma foto de Xi Jinping e de seu pai. Um terceiro andar é dedicado inteiramente ao período iniciado em 2012, com a eleição de Xi Jinping para a secretaria-geral do Partido. Mas voltemos a 1949.

Logo no início há uma grande tela, onde fica sendo exibido um filme sobre a solenidade realizada dia 1 de outubro de 1949. Um detalhe interessante é que o filme é colorido: foi doado pelos russos em 2019.  Antes os chineses só tinham um filme preto e branco. No filme aparecem os líderes do PC e dos 8 partidos que integram o Conselho Político Consultivo do Povo Chinês, na sacada da entrada principal da Praça da Paz Celestial.

Num espaço próximo está o uniforme usado por Mao na solenidade. Aliás, isto se repete em outros momentos: a exposição de roupas, chapéus, armas, outros utensílios utilizados pelos militantes que aparecem nas fotos. O traje mais onipresente é aquele que ficou conhecido como “tunica Mao”, uma das marcas registradas da revolução chinesa.

Em seguida vem as fotos do estabelecimento de relações e da assinatura do tratado de amizade com a URSS, ocorridos em outubro de 1949 e em fevereiro de 1950, respectivamente. Salvo engano, não aparece no Museu nada que remeta para a ruptura de relações entre China e URSS, ocorrida ao redor de 1960.

Se dá destaque para a participação chinesa na Guerra da Coreia. Aliás, há dois filmes recentes sobre o tema: “A batalha do lago Chanjin” e “The Volunteers: to the War”.

Salvo engano, não há nada sobre a guerra entre China e Vietnã, em 1979.

A exposição lembra a aprovação da Constituição da China, em 1954, assim como dá destaque a cada um dos congressos realizados pelo Partido. Há diversas passagens mostrando os progressos sociais e econômicos vivenciados pela China depois de 1949, desde os carros “Vento Leste” e “Bandeira Vermelha”, passando pela exploração de petróleo e o regresso, ao país, de cientistas dispostos a colaborar com a reconstrução da pátria.

Há uma estátua de Lei Feng, o revolucionário modelo, falecido aos 22  anos, que serve de inspiração para um dia especial em que todo militante  deve estudar a respeito.

A grande revolução proletária merece uma menção minimalista, que salvo  engano não inclui, nem lá nem em nenhum outro lugar, a Gangue dos Quatro  e a Madame Mao. Mas tem destaque as visitas de Nixon e de Kissinger,  assim como a participação de Deng Xiaoping na Assembleia Geral da ONU.

Em 1976 morrem os três grandes: Chu Teh, Chu Enlai e Mao Zedong. Em 77 as Universidades reabrem matrículas. E em curto espaço de tempo, Deng assume o comando político do partido, embora nunca tenha sido secretário-geral.

Inúmeras fotos e frases suas ocupam espaço importante na exposição. Entre elas, algumas que não combinam nem um pouco com a imagem, tão difundida no Ocidente, de que Deng seria um “revisionista”. Por exemplo, os quatro princípios destacados por Deng eram: persistir no caminho do socialismo, persistir na ditadura do proletariado, persistir na lidea rança do Partido Comunista, persistir no marxismo e no pensamento maozedong.

Destaca-se a terceira sessão plenária do oitavo comitê central, onde foi aprovada a política de reforma e abertura. E, também, o congresso realizado em 1982, que aprovou a consigna do socialismo com características chinesas.

Destaca-se, também, o papel que a produção de alimentos teve para o êxito das reformas.

Nada é dito sobre os “Incidentes na Praça Tianamen” (episódio conhecido no Ocidente como o “massacre da Praça da Paz Celestial. Tampouco se faz referência ao Zhao Ziang, secretário-geral as vezes denominado de “Gorbachev chinês”, que em 1989 foi preso e mantido em prisão domiciliar até sua (dele) morte.

A exposição pula direto para Jiang Zemin, sob cuja gestão a China recebeu de volta Hong Kong (1997) e Macau (1999), assim como entrou na OMC.

Depois vem Hu Jintao, sob cujo governo se concede isenção total, ou seja, desde então e até hoje não pagam impostos.

Então vem as Olimpíadas, a crise internacional e… a eleição de Xi Jiping, que dá início ao quarto e último período em que está dividida a história da República Popular da China.

Esta parte tem memos museografia histórica e tem mais propaganda. Fala-se dos congressos realizados no período, da vida melhor para o povo, da revitalização da nação chinesa, do sonho chinês, da Rota e Cinturão da Seda, da comunidade de futuro compartilhado, da reforma militar, da civilização ecológica, dos BRICS, da erradicação da pobreza extrema. Além de uma overdose de fotos de Xi Jinping. E de muita ciência e  tecnologia na veia, sendo que uma boa parte dos produtos demostrados são militares.

A exposição, cuja visita a passo rápido dura cerca de 2 horas, termina com Xi Jinping fazendo um discurso, devidamente fardado com a “túnica  Mao”.

Quem não entendeu o recado, volte para o princípio!