Globalização e socialismo
Este título da coleção Socialismo em Discussão apresenta os desafios da globalização para partidos e movimentos que se opõem à internacionalização econômica e cultural nos moldes em que vem sendo realizada. Uma visão de mais longo prazo dos problemas da luta contra os sucessivos pactos de dominação no mundo e no país.
Apresentação
Encerramento do primeiro ciclo dos seminários Socialismo e Democracia
Antonio Candido
Foi muito animadora a maneira pela qual decorreram as atividades desta primeira fase do seminário Socialismo e Democracia, porque houve muita liberdade de pensamento e uma variedade de pontos de vista que me parece muito saudável.
Além disso, deve ser assinalado como positivo o respeito mútuo entre os opositores, comentadores e debatedores sem prejuízo da vivacidade, sem prejuízo das divergências, cada um ouviu as razões do outro. E isso reforça a nossa convicção de que a melhor maneira de chegar a algum resultado válido é levar em conta as diferenças de opinião e assegurar o direito que cada um tem de exprimir estas diferenças.
É claro que tolerância não significa adesão mecânica aos pontos de vista alheios. Tolerância é simplesmente o esforço para compreendê-los e a disposição para criticá-los, analisá-los e debatê-los. Essas atitudes contribuem muito, sem dúvida, para desenvolver a consciência crítica, que é o que seminários como este pretendem no partido.
Como foi possível ver, os participantes destas mesas, tanto expositores como comentadores, pertenciam a grupos muito diferentes de opinião*. Isto foi planejado. O nosso partido é um partido diversificado e a nossa idéia é que nestes seminários, e nos próximos, devem ser recrutados representantes de todas as tendências possíveis do partido. E mesmo aquelas que não existem oficialmente, mas que constituem, às vezes, manifestações individuais.
Terminando, em caráter um pouco pessoal, queria aproveitar para fazer um esclarecimento, por causa de uma certa tendência que está começando a se manifestar, tanto oralmente como na imprensa. É a de que eu teria sido a figura central e o principal planejador destes seminários. Não é verdade. Nós trabalhamos com uma base de troca permanente de idéias, mas eu diria até que o meu papel foi mais de anfitrião, mesmo porque no caso de um seminário em que predominam os temas de política, de economia, de sociologia, um crítico literário não é a pessoa mais indicada para comandá-lo. De maneira que fui praticamente um anfitrião. Eu diria até que fui uma espécie de maestro de banda de música do interior, que não sabe muito bem o que a banda está tocando mas continua a regê-la assim mesmo, compreendem? Eu diria que quem montou o “coreto”, quem escolheu o “repertório”, quem sugeriu os “executantes” foram, sobretudo, os companheiros Francisco de Oliveira, Paul Singer e Paulo Vannuchi. E nós quatro, cordialmente reunidos, queremos declarar que procuramos corresponder o melhor possível à confiança dos que promoveram estes encontros.