Ayana tem composições próprias e tenta não se prender a rótulos ao definir o estilo da música que produz. As composições passeiam por diversos gêneros musicais – o que a artista define como algo próximo do que se entende por “world music”

From Bahia: quem é Ayana Amorin, artista baiana que aposta na 'world music'
Ayana tem composições próprias e tenta não se prender a rótulos ao definir o estilo da música que produz. As composições passeiam por diversos gêneros musicais - o que a artista define como algo próximo do que se entende por "world music".
Divulgação

A cantora, atriz e performer Ayana Amorim apostou na temporada de altas temperaturas para levar sua “baianidade” para o continente europeu pela primeira vez neste verão de 2024. Ela se apresentou em Londres e fez mais dois shows em Dublin, na Irlanda, onde já cantou no festival Calabash, realizado com apoio financeiro do Departamento de Cultura da cidade de Dublin.

Ayana explica o que é a baianidade: um estado com “um pouquinho de muitos lugares”, afirma a multiartista. “A diáspora africana está ali viva. Eu sou de Salvador, então posso falar de Salvador, que é a minha vivência. Mas aí tem o sul da Bahia, tem o sertão da Bahia. Tem muita coisa na Bahia, muita sonoridade. A Bahia é um mundo”..

Atualmente moradora de São Paulo, se autodefine como uma “soteropaulistana”. Projetou-se no mercado fonográfico da cidade após participar do clipe do rapper Emicida da canção “Baiana”  – outro baiano que deu as caras na produção foi ninguém menos que Caetano Veloso, filho de Santo Amaro. 

“É um clipe que fala sobre a Bahia e sobre o amor entre duas mulheres negras, em 2018”, relembra a cantora, ressaltando que foi uma espécie de enfrentamento ao mostrar não só duas mulheres vivendo um amor livre, mas duas mulheres negras. “Isso ganhou uma dimensão. E a música é belíssima também”, arremata. 

Multiartista

Ayana tem composições próprias e tenta não se prender a rótulos ao definir o estilo da música que produz. As composições passeiam por diversos gêneros musicais – o que a artista define como algo próximo do que se entende por “world music”. 

“Vou do R & B ao Rap, ao Samba, ‘sambossa’… eu me considero world music, afro pop, porque exploro muitos lugares e bebo de muitas fontes. Então, não consigo me limitar”, declara. “Acho que, hoje em dia, os multiartistas estão sendo mais aceitos e há uma compreensão melhor dessa multiplicidade que carregamos. Afinal, é a plataforma que nos pede para entrar em caixinhas e ter um único gênero musical”. As músicas Falatório e Bom Tom demonstram essa versatilidade.

“Preta em Movimento” e musical da Broadway Brasil

Ayana Amorim também produz. No dia da Mulher Negra Latino-americana e Afro-Caribenha, celebrado no dia 25 de julho, foi lançado o clipe da ativista e artista Preta Ferreira, “Preta em Movimento“. Preta Ferreira, além de ser uma referência no movimento artístico, é uma grande ativista brasileira, notoriamente reconhecida por Angela Davis durante sua visita ao Brasil. Davis fez questão de encontrá-la, especialmente devido ao seu envolvimento no MSTC (Movimento Sem Teto do Centro de São Paulo), pelo qual Ferreira foi injustamente presa durante o governo bolsonarista. 

O clipe de “Preta em Movimento” conta com a direção de Joyce Prado, uma diretora negra, e uma equipe toda formada por profissionais negros. A produção “serve como homenagem a todas as mulheres negras em movimento”, explica Ayana, que co-produziu o clipe. 

De volta ao Brasil em agosto, Ayana começa os ensaios para seu próximo trabalho profissional. Em outubro, ela estreia no musical da Broadway Brasil, “Tom Jobim, o Musical”. Ela interpretará Eurídice, personagem de “Orfeu Negro” ou “Orfeu do Carnaval” — um filme ítalo-franco-brasileiro de 1959, dirigido por Marcel Camus, com roteiro adaptado por Camus e Jacques Viot a partir da peça teatral “Orfeu da Conceição” de Vinícius de Moraes. Esse filme marcou a parceria entre Tom Jobim e Vinícius de Moraes e ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional (1960), a Palma de Ouro (1959) e o Globo de Ouro (1959).