Período que vai de 2023 a 2027 provavelmente será o mais quente já registrado na história. Impacto dos gases de efeito estufa e do El Niño pode fazer temperatura média aumentar em 1,5°C

O mundo está vivendo eventos climáticos extremos, mas a situação deve piorar ainda mais nos próximos quatro anos. O alerta foi feito pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão ligado às Nações Unidas. Há 98% de chance de que as temperaturas globais atinjam níveis recordes nos próximos cinco anos e 66% de probabilidade de que esse aumento seja 1,5°C maior do que as temperaturas de nosso planeta na era pré-industrial.

A má notícia relativa ao quinquênio 2023-2027 se deve a gases de efeito estufa, que retêm o calor, e ao fenômeno meteorológico El Niño, geralmente associado a um aumento das temperaturas, maior seca em algumas regiões do mundo e chuvas intensas em outras áreas. O relatório cita três vezes a Amazônia, alertando para menos chuvas na região, além de uma baixa de umidade por todo o quinquênio.

Os trechos em relação à Amazônia apontam que é provável haver menos chuvas na floresta em 2023, em relação à média de 1991 a 2020. O texto dá ênfase à provável estiagem de maio a setembro de 2023 a 2027.

O relatório indica ainda que, por consequência, poderá ser registrada baixa umidade na floresta no período, ainda que essa região seja de difícil medição — para essa previsão, especificamente, os cientistas atribuem um grau de confiança de médio a baixo.

Para Carlos Nobre, climatologista aposentado do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as previsões são ruins para este ano tanto para a Amazônia quanto para o Nordeste e o Sul do Brasil. Também não são boas as previsões para Amazônia e Nordeste até 2027.

“A análise de chuva para 2023 indica uma alta probabilidade de continuidade da seca dos últimos três anos no Sul do Brasil. Isto tem a ver com o fato de que o El Niño, frequentemente associado a chuvas bem acima da média nesta região, não estar em forte intensidade pela maior parte deste ano”, explica. “Também há uma probabilidade alta de seca no Nordeste do Brasil em 2023, fenômeno diretamente associado ao El Niño, que deve estar em plena atividade durante a estação chuvosa do semiárido de fevereiro a maio de 2023”.

Segundo o comunicado oficial da agência sobre o relatório, há também “98% de probabilidade de que um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado” no planeta. O atual recorde é de 2016, quando foi registrada a temperatura média global de 1,3°C a mais do que a temperatura pré-industrial, calculada entre 1850 e 1900. No ano passado, esse aumento foi de 1,15°C.

O relatório diz também que, pela primeira vez na história, há mais chances de que atinjamos o temido aumento de 1,5°C em relação ao nível pré-industrial. Há agora 66% de probabilidade de que isso aconteça em algum ano entre 2023 e 2027. No relatório anterior, divulgado em 2022, essa probabilidade era de 50%. •

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