Em 2012, o genial brasileiro que revolucionou a arquitetura do século 20 se despedia do mundo. Seu legado continua, assim como seus sonhos de um país mais justo e de uma sociedade menos desigual

 

Arquiteto e militante comunista brasileiro, Oscar Niemeyer Soares Filho deixava fisicamente o planeta há dez anos. Símbolo de ousadia e modernidade, deixou um legado de realizações que são vistas e admiradas nos quatro cantos do mundo. Da Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, indo aos grandes prédios imponentes de Brasília, passando pelo Sambódromo e os Cieps, no Rio de Janeiro, até o magnífico edifício Copan e o Memorial da América Latina, na Paulicéia de Mario de Andrade. Um achado de genialidade.

O arquiteto que imaginou um novo Brasil ganhou o mundo na década de 1940 ao ter o seu projeto de sede das Nações Unidas, em Nova York, em parceria com o arquiteto Le Corbusier, vencedor de concurso de disputa mundial. Daí para as construções na França, na Itália, na Argélia e em outras partes do mundo foi um passo. Uma história de imaginação e curvas.

Militante político, Niemeyer cedeu gratuitamente um prédio de sua propriedade no bairro da Lapa no Rio de Janeiro para ser a sede do antigo PCB na legalidade, que durou de 1945 a 1947.

Figura de posições firmes e resolutas, vivia inconformado com as construções comerciais. Ele acreditava que a arquitetura, também como arte, deveria causar surpresas ao primeiro olhar. Seu nome virou sinônimo de vãos livres, de colunas cuja permanência espantava a todos pela genialidade.

Com o Golpe de 1964, Niemeyer partiu para o exílio em Paris. No exterior, foi uma das principais vozes de denúncias do caráter criminoso da ditadura e as prisões, assassinatos e torturas. Convidado de honra em universidades e centros de pesquisas, aproveitava sua presença para a confrontação com o regime, transformando-se em um dos grandes adversários dos militares.

Um dos últimos atos políticos que contou com a sua participação foi a campanha de eleição de Dilma Rousseff, em 2010. Naquele oportunidade, resgatou o caráter popular do então governo de Lula e a necessidade de eleição de Dilma, não só pelo fato de ser a primeira mulher em condições de presidir a República, mas pelo caráter combatente de sua ação política militante, fato que a levou a ser presa e torturada pela ditadura militar.

Ao longo da carreira venceu os principais prêmios da arquitetura mundial: Prêmio Leão de Ouro, da Bienal de Veneza, em 1949; o Prêmio Pritzker, em 1988; o Príncipe das Asturias, e a Medalha da Ordem do Mérito Cultural em 2007, das mãos do então presidente Lula.

Coroando uma vida de derrotas políticas e êxitos profissionais Oscar, aos 103 anos projetou um pavilhão no vinhedo Chatêau La Coste, em Aix-em-Provence, na França e teve uma praça com seu nome no bairro de Kremlin Bicêtre, em Paris. •

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