A revista Reconexão Periferias traz nesta edição temas que marcam a agenda do movimento social em maio e junho, quando emergem para o debate público os desafios do mundo do trabalho e a sustentabilidade ambiental, dois campos que se conectam em várias frentes.

Sobre as mudanças climáticas, o Coletivo Ponta de Lança – constituído por jovens mulheres negras periféricas de Manaus (AM) – entrevistou a professora Marilene Corrêa, que teceu reflexões sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA). O texto elaborado com base na entrevista evidencia as dimensões do lugar reservado aos povos da Amazônia nos debates nacionais, internacionais e globais sobre as mudanças climáticas.

Em relação aos novos desafios do mundo do trabalho, a revista entrevistou secretário de economia popular e solidária Gilberto Carvalho, do Ministério do Trabalho. Para ele, se cada vez mais brasileiros viram microempreendedores ou autônomos, as cooperativas aparecem como solução inteligente. “Quando as pessoas se juntam numa cooperativa, tudo fica mais fácil – têm formalização, direitos trabalhistas e ainda dividem os ganhos”, afirma. Ele também argumenta que esse modelo combina com um mundo mais sustentável. “A economia solidária é parceira da natureza. Enquanto o sistema atual está nos levando pro buraco, esse jeito de produzir respeita a terra e as pessoas”, defende.

Já a seção Perfil apresenta o coletivo Mulheres do Salgueiro, que surgiu em 2006 com a missão de defender os direitos das mulheres da comunidade e sua inclusão em atividades produtivas por meio de cursos de qualificação em moda, costura, economia criativa e solidária e geração de renda. A organização é sediada em São Gonçalo (RJ), mas suas ações já se expandiram para outras localidades. Além de inúmeras ações na comunidade, realizou quatro festivais culturais, incluindo a Feira do Circuito Fluminense de Cultura Popular e Economia Solidária, que contou com mais de 3 mil visitantes e 150 expositores das regiões de São Gonçalo, Niterói, Maricá e Itaboraí.

A edição faz ainda um registro do lançamento, em Brasília, do caderno Chacinas e Conflitos Agrários: os casos de Pau D´Arco e do Quilombo de Iúna, que é o terceiro volume da Coleção “Chacinas e a politização das mortes: estudo de casos”, idealizado pelo projeto. O evento reuniu representantes da Fundação Cultural Palmares, Secretaria Nacional de Acesso à Justiça do Ministério da Justiça, Secretaria Agrária Nacional e deputados federais.

Na seção de Arte, o artista visual autodidata e arte-educador paraense Gabriel Cardoso, conhecido como GC ARTE, narra sua trajetória. Nascido e criado nos Jurunas, uma das periferias mais potentes de Belém (PA), desde 2017 vem trilhando um caminho focado em narrativas pretas e amazônicas, que mistura cultura local, ficção científica e crítica social. Sua prática começou com desenho tradicional e evoluiu para a arte digital.


A edição traz também a seção Oportunidades.