Nesta sexta, 27 de setembro, os coletivos do movimento negro e representantes das comunidades de favelas realizam manifestações públicas contra a violência de Estado em ao menos cinco cidades.

A política de morte e opressão sobre as comunidades de favelas e periféricas tem se intensificado no Brasil. No Rio, a plataforma Fogo Cruzado emite boletins diários que informam ocorrências desse tipo na cidade.

Até esta quinta, dia 26, segundo a Fogo Cruzado, com a morte de Roberto Carlos Moura Pinto, de 50 anos, atingido por bala perdida durante operação policial no bairro Amendoeira, em São Gonçalo, na noite de terça-feira, chegam a 144 as pessoas feridas da mesma forma no Grande Rio. 42 morreram, num total de 128 ocorrências do tipo. Os números já ultrapassam o ano de 2018 inteiro, quando a Fogo Cruzado reportou 32 mortos e 28 feridos em 110 ocorrências.

Outro dado alarmante: subiu para 65 o número de chacinas (casos com três ou mais civis mortos em uma mesma situação) no Grande Rio. Na noite de quinta, três mulheres foram mortas a tiros dentro de uma casa na Vila Centenário, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. No total, em 2019, 241 civis foram mortos em chacinas, segundo a Fogo Cruzado.

O Ato Nacional Unificado por Ágatha Félix, pela Vida e contra o Genocídio Negro é motivado pela morte da menina de oito anos, baleada nas costas na última sexta-feira no Compexo do Alemão. As investigações em curso e os testemunhos de moradores apontam que a bala partiu de um fuzil da Polícia Militar.

Balas perdidas e chacinas seguem matando. Comunidades protestam nesta sexta

Como a morte de Ágatha despertou comoção popular – e também reações de apioadores da política de morte de governadores como Wilson Witzel – os coletivos que militam no setor decidiram realizar os protestos deste 27 de setembro para denunciar a já antiga violência oficial, que se aprofunda neste momento sob o governo federal e governos estaduais alinhados aos métodos de repressão sobre as periferias como método de segurança pública.

No Rio de Janeiro, a concentração começa às 17h na entrada da Grota, perto da Vila Olímpica Carlos Castilho, no Complexo do Alemão. A Baixada Fluminense também participa, com encontro marcado para 17h30, na praça Direitos Humanos, na cidade de Nova Iguaçu.

Em São Paulo, o ato tem início marcado para as 18h, no vão livre do MASP. Este ato, convocado pelo coletivo Coalizão Negra, foi o primeiro a ser agendado, servindo como estímulo para que outras cidades, incluindo o Rio, marcassem suas mobilizações para a mesma data, quando o assassínio de Ágatha completa uma semana.

Em Porto Alegre, a manifestação deve ocorrer a partir das 17h30, na Praça do Aeromóvel.

No Recife, às 17 horas, na Praça do Diário.