Estuário e pólo transmissor das novas mídias, as bigs techs resolveram enfrentar a institucionalidade brasileira para impor suas regras, ou falta delas. Youtube, Twitter, Facebook, Instagram, Google e assemelhados uniram-se à extrema-direita para produzir uma criminosa campanha de achincalhe ao Projeto de Lei 2630/2020, de relatoria do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Levado ao paroxismo da desinformação, pelos contumazes divulgadores de fake news, muitos deles com assento no Congresso Nacional, conseguiram criar uma narrativa de que o PL 2630 visava a imposição da censura ao conteúdo do que pode ser publicado. Usaram como exemplo versículos bíblicos que mentirosamente teriam sua publicação proibida.

Em sua página oficial e na página inicial do seu endereço de busca, a campanha empreendida pelo Google contra o projeto mostra o tamanho da desfaçatez e do desapego às leis e ao ambiente democrático no Brasil.

Na verdade, além do receio pela responsabilização penal e cível por permitir o tráfego em seus veículos do discurso do ódio, permeia essa reação a distribuição dos bilhões de reais arrecadados em anúncios e impulsionamentos.

Grande parte desses recursos, além de não tributados condignamente, são remetidos ao exterior em forma de superlucros, deixando de remunerar o conteúdo jornalístico e artístico e promovendo uma “razia” no mercado brasileiro.

O esperneio dos tubarões das bigs techs também se deu na Europa, na Austrália e em todos os países que ousaram enfrentá-los. O mesmo discurso de “liberdade” e a mesma aliança de sustentação: a extrema-direita.

A disputa como se apresenta não será fácil. É mais um dos percalços que as forças democráticas enfrentam e enfrentarão na sua batalha cotidiana pelo Estado Democrático de Direito.

É inegável que a manipulação da opinião pública brasileira foi levada ao quase paroxismo por essas empresas e seus aliados de ocasião.

Esse fato relevante amplia a necessidade de controle e responsabilização dessas gigantes da formação do pensamento. É hora de a cidadania democrática reverter a divulgação das infâmias e garantir o restabelecimento das verdades factuais. A hora é agora!

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