Na selva, crise humanitária
TRAGÉDIA Servidora do SUS atende indígena em situação de desnutrição grave. Ao longo do governo Bolsonaro foram encaminhados alertas sobre os riscos para o povo yanomami diante do avanço do garimpo na reserva

Omissão criminosa de Bolsonaro deixa povo yanomami em situação trágica. Lula viaja a Roraima para visitar para visitar indígenas, as maiores vítimas do avanço do garimpo ilegal na região amazônica. Governo anuncia medidas sanitárias

O povo yanomami vive uma crise humanitária sem precedentes. Na sexta-feira, 20, o Ministério da Saúde declarou situação de emergência na terra indígena, localizada em Roraima. No sábado, o presidente Lula viajou à região para garantir ações imediatas e de diagnóstico sobre a situação do povo indígena na região. A crise sanitária resultou na morte de 570 crianças por desnutrição e causas evitáveis, nos últimos anos. “É desumano o que eu vi aqui”, disse. O governo Bolsonaro ignorou 21 ofícios com pedidos de ajuda dos yanomami.

Desde que assumiu o governo, Lula constatou o estágio de precariedade grave a que os povos indígenas foram submetidos na região amazônia. E se mostrou perplexo diante das evidências de que a Funai, Exército, Polícia Federal, na administração de Jair Bolsonaro, receberam denúncias das ameças e relatos de ataques de garimpeiros, além dos pedidos de reforço na segurança. Nenhuma medida foi tomada. As imagens de crianças desnutridas, vítimas do descaso do governo Bolsonaro, são estarrecedoras e correram o mundo no último final de semana.

Lula viajou para Boa Vista, capital de Roraima, acompanhado dos ministros Nísia Trindade (Saúde), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas). Ainda na sexta, o governo criou um comitê para o enfrentamento à desassistência sanitária das populações no território yanomami. O objetivo do grupo é discutir as medidas a serem adotadas. A área indígena yanomami é a maior do país, em extensão territorial, e sofre com a invasão de garimpeiros.

Na selva, crise humanitária
CHOQUE Lula viajou no sábado, 21, para Boa Vista, onde visitou hospital indígena do SUS, onde os yanomami estão sendo atendidos. Ele ficou abalado diante do quadro de saúde precária: “É desumano o que eu vi aqui”,

“Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas sendo tratada da forma desumana como eu vi o povo yanomami aqui, eu não acreditaria”, lamentou Lula. “Eu vim para cá para dizer que vamos tratar os nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que nós somos. Vamos levar muito a sério essa história de acabar com o garimpo ilegal. Este país mudou de governo, e agora o governo vai agir com seriedade”.

Desde a última segunda, 16, equipes do Ministério da Saúde se encontram na área Yanomami. A região tem mais de 30,4 mil indígenas. “O grupo se deparou com crianças e idosos em estado grave de saúde, com desnutrição grave, além de muitos casos de malária, infecção respiratória aguda e outros agravos”, informou a pasta.

A ministra Nísia Trindade anunciou que a situação se apresentou crítica desde os trabalhos da equipe de transição. “Era um alerta”, disse. “O decreto presidencial define a crise humanitária, fundamental para que tenhamos condições de agir rapidamente. Acionamos a Força Nacional do SUS e da Funai para agirem. Recebemos [essa situação] como herança, temos apenas 20 dias de governo”, alertou.

Sônia Guajajara também ressaltou o abandono dos indígenas pelo governo Bolsonaro. “Precisamos responsabilizar a gestão anterior por ter permitido que essa situação se agravasse ao aponto de chegarmos aqui e encontrar adultos com peso de crianças e crianças a pele e osso”, disse. “É muito importante a vinda do presidente Lula, que está comprometido em resolver a situação em que se encontra o povo Yanomami”.

Ainda no ano passado, eportagem do The Intercept, publicada em 17 de agosto de 2022, revelou que o governo Bolsonaro ignorou 21 pedidos de socorro do povo yanomami em Roraima. A omissão criminosa barbárie do governo federal diante das denúncias das atividades de garimpo ilegal resultou na crise humanitária em curso na reserva situada em Roraima. O Intercept já denunciava que os indígenas estavam sendo iludidos pelas promessas.de garimpeiros. “Passam a ter que comprar alimentos nas cantinas, onde um quilo de arroz custa R$ 400 ou uma grama de ouro. Ou pagam uma fortuna ou, no caso das mulheres, são estupradas em troca de comida”, denuncia o site. •