Mulheres lutam por diretas, contra o machismo e a homofobia
A mais urgente e atual luta pela retomada da democracia no Brasil – Fora Temer e Diretas Já – reuniu neste domingo, no Largo do Arouche, em São Paulo, milhares de pessoas no ato “Mulheres por diretas e por direitos”, convocado pelas redes sociais por entidades feministas e militantes autônomas. Além de ter a participação de representantes de movimentos sociais e partidos políticos da esquerda, como PT, PC do B, Psol e de centrais sindicais, se apresentaram importantes nomes da cena cultural alternativa paulistana, como Slam das Minas, Trans Sarau, Lurdez da Luz, Brisaflow, Tati Botelho, Preta Rara, Stefanie Roberta, Barbara Sweet, Luana Hansen, Ana Cañas, As Bahias e A Cozinha Mineira, Flora Matos, MC Sofia e Tássia Reis.
O ato se traduziu como um grande cenário de expressão para os grupos que sofrem agressões cotidianas devido ao caráter racista, machista e homofóbico do Estado brasileiro. E apresentou a cultura como importante espaço de resistência ao retrocesso imposto pelo governo ilegítimo de Michel Temer.
É assim que pensa a ativista trans Daniele Cavalcanti, coordenadora do cursinho popular Transformação, que tem como uma de suas atividades o Trans Sarau, que fará três meses no dia 18 de junho e lançará a antologia poética da população transsexual e travesti, de trinta artistas trans de São Paulo. “A cultura é algo maravilhoso, é a nossa resistência, pois acaba abrindo a mente e o olhar das pessoas em relação à manipulação que a mídia golpista nos impõe a favor dela mesma. Esse governo quer acabar com nossos direitos, que fazer um trabalho só para a classe média alta, e as pessoas que não conseguiram chegar a essa condição por falta de emprego, de saneamento básico e educação, ficam excluídas”, afirma.
Mulheres negras organizadas em coletivos da periferia também participaram e relataram porque lutam por diretas e pela derrubada do governo ilegítimo. Entre elas Analuta Maciel, do coletivo Mulheres de Ori, de Cidade Tiradentes. “Não vou falar que não tenho esperança. Mas nossa luta é político cultural e, portanto, muito difícil. Cada dia é um dia, numa troca de ideia com uma amiga que está sofrendo uma opressão também temos uma forma de fazer esse movimento. A gente busca ferramentas para eliminar a discriminação contra a mulher e contra a mulher preta em especial, trabalha com dança afro, com literatura”, relata. O último trabalho do grupo foi o lançamento do livro Ajeum O Sabor das Deusas, que fala sobre as as mulheres que ganham a vida com comidas em especial culinária afrobrasileira, sobre a importância das mulheres de terreiro e sua culinária. “Bucamos fortalecer a identidade da mulher negra, pois pela cultura é mais fácil de chamar a atenção e ter voz. Essa movimentação de hoje, por Fora Temer e Diretas Já, é para nos fortalecermos cada vez mais”.
A bailarina Lindaleve Alves Santos, de 15 anos, tornou-se militante feminista a partir da inspiração de sua professora. “Ela me contava sofreu agressões de um machista. E quando disse que apanhou dentro de casa, aquilo me mostrou que ela era forte. Ela contava isso para empoderar outras mulheres e isso me encantou”, lembra.
Linda estuda teatro e acredita que nunca viu seus direitos respeitados, mesmo na sala de aula. “Não apredemos na escola sobre Dandara e Zumbi, pessoas que são a real história do Brasil. Até dentro da minha religião nunca fui aceita como feminista. Por isso acho que tenho que estar na rua, por meus direitos de mulher jovem. Se for pra morrer prefiro que seja lutando pelos meus direitos”.