Pnad 2013: novos estudos sobre mobilidade social

Na época da divulgação dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2013, houve grande discussão sobre uma possível reversão no ciclo de queda absoluta e relativa da pobreza no Brasil, como discutimos em alguns boletins passados. Artigo divulgado pela Plataforma Política Social faz uma análise mais abrangente da mobilidade social no Brasil recente através dos dados da Pnad.

O artigo mostra que, apesar dos baixos índices de crescimento econômico, a mobilidade social avançou nos dois primeiros anos do governo Dilma (2011 e 2012), mas os dados da Pnad de 2013 revelam piora significativa que interrompe um ciclo de melhorias que ocorria desde 2004. É importante dizer que o autor classifica a população com base na posição do membro melhor situado, com uma metodologia sensível às flutuações conjunturais na mobilidade social.

Estratificação social da população brasileira

Fonte: Quadros, 2014

Os dados mostram que, em 2013, comparado a 2012, encolhem as participações das pessoas e famílias com “padrão de vida” de Alta e Média Classe Média, sugerindo uma queda em cascata; aumenta a participação da camada de Miseráveis, e as variações das outras camadas indicam que também ocorreu uma descida de integrantes da Baixa Classe Média para a Massa Trabalhadora (pobres) e desta para a última camada, que fica mais clara na análise dos números absolutos: de 2012 a 2013, houve retração de 2,3 milhões de pessoas na Média Classe Média e o aumento de 1,5 milhão nos Miseráveis.

Controlando pelo crescimento populacional, segundo o autor, uma mobilidade descendente atinge 780 mil pessoas na alta classe média e 2,6 milhões na média, que descendem, e, por outro lado, aumenta em 1,3 milhão a quantidade de miseráveis. Segundo o autor, diante da estagnação na economia, é possível que o mau desempenho tenha se mantido em 2014. A comparação dos dados de 2013 com uma estimativa dos dados de 2010 dão uma dimensão da variação na estratificação social no país: o autor estima que de 2010 a 2013 tenha aumentado em 2 milhões a quantidade de miseráveis no país e em 8,8 milhões a massa de trabalhadores, havendo retração de 1,4 milhão na alta classe média, 1,6 milhão na média classe média e 7,7 milhões na baixa classe média.

Dessa forma, retomar o ciclo de redução da pobreza e a melhoria da estratificação social depende do compromisso político do governo de não reduzir a ênfase nas políticas sociais no futuro próximo.

Para ler mais:

Waldir Quadros – Paralisia econômica, retrocesso social e eleições
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A pobreza em perspectiva
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Boletim diário de política social 89 – PNAD: Queda da pobreza e ligeiro aumento da pobreza extrema
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Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
Acesse: www.fpabramo.org.br
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