Uma vez PT, sempre PT
Ser petista é ter uma paixão definitiva. É padecer no paraíso toda a vida e mais nove meses. Se saio do PT, que outro partido poderia ser o meu? Há tantos! Você chuta uma lata na rua e saem dez de baixo. “Partidos” com donos (deviam enquadrar essa gente por formação de quadrilhas). Cegos seguindo a seus cães. Pior ainda: cães indo atrás de seus cegos. Há mais outros partidos… sem comentários. Nada representam nem significam para mim.
“O PT I e único”(1), não: nele só há voluntários, gente firme e decidida, apaixonada, que sabe das coisas. Que nada quer dos outros, mas que exige o que é seu. Quer dizer, então que o PT chegou à perfeição? É “menas” verdade, pessoal. Ele é composto por seres humanos, com todos os defeitos e virtudes: xiitas e xaatos, xiiques e xuucros, xaaropes e xeeretas. Mas todos vão tirar as cismas numa boa, democraticamente – no I Congresso do Partido dos Trabalhadores. Acertar os ponteiros, corrigir rumos. O PT dá trabalho, se dá! Mas, nele, ninguém é melhor do que ninguém. Nos outros “partidos” há “líderes”, e é sabido: líderes dão as costas aos liderados: eles na frente, o rebanho atrás. Não, no PT só temos companheiros, irmãos de fé. Lutando lado-a-lado, ombro-a-ombro, com muita alegria. Sem medo de ser feliz. E o nosso companheiro nº 1, Lula, inspirador e fundador do partido (que não é do Lula, ele é que é do PT), já avisou: no Congresso – é proibido proibir. Que cada um, pois, bote a boca no trombone, dizendo o que sente e pensa do Partido (aliás, a primeira novidade na política tupiniquim, desde 1500 mais ou menos). Ocorre que ele nasceu de um jeito e estava crescendo de outro. Tem nada, não: é de pequenino que se torce o destino. O que faremos no Congresso. Porque o PT há-de-ser, sempre, o reflexo da vontade do conjunto dos seus militantes, brava gente. E dos simpatizantes, como eu. PT, utopia ao alcance do meu voto – eu te amo!
O petista é assim: em cada cabeça uma sentença. Não há, nem poderia haver num partido de gente consciente, lúcida, um pensamento monolítico, hegemônico, “crê ou morre”. Existem, sim, tendências, pretendências, desistendências no interior do Partido, abrigadas sob o generoso guarda-chuva vermelho-e-branco. Democracia é isso aí, bichos: “a arte da opção entre o desagradável e o desastroso”. Desagradável é (um pouco) o democratismo – excesso de reuniões, discussões cansativas e repetitivas, um pé no saco. Desastroso (demais) é o fascismo, imposição de idéias de cima para baixo. Pois eu prefiro perder com as bases a vencer sem elas. Não admito a ditadura de um sobre todos, nem a de todos sobre um. Vivo livre e solitário, como uma árvore, porém, solidário, como uma floresta. E para mim não há nada mais socialista – nem mais livre – do que uma boa democracia.
Para que a democracia plena seja alcançada, contudo, deve-se respeitar a opinião de cada um sobre o que irá afetar a vida de todos. “Nenhuma corrente é mais forte do que o seu elo mais fraco”. Tudo o que precisamos é uns dos outros.Venha ser um dos seus. Teje livre!
(1) – Expressão entre muitas criadas por Carlito Maia para o PT: O PT primeiro e único.
*Carlito Maia – petista até morrer.