Disputa apertada define Boulos e Nunes no segundo turno em SP
Diferença do terceiro colocado para o primeiro foi de pouco mais de 80 mil votos numa cidade com 9,3 milhões de eleitores
A cidade de São Paulo tornou-se, mais uma vez, uma grande vitrine da polarização política do país, com, digamos, uma suposta terceira via passando de todos os limites (cometendo crimes) para vencer no pleito. A disputa no primeiro turno teve até o final três candidatos empatados tecnicamente: Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e Pablo Marçal.
A diferença entre o primeiro e o terceiro colocado acabou, na disputa do primeiro turno ocorrida no domingo (6) em apenas 81 mil votos. Vale lembrar que a cidade de São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil com 9,3 milhões de votos.
Os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) só foram definidos às 21h08, mais de quatro horas após o fim do horário de votação e com 99,52% das urnas apuradas.
Até a última atualização do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o primeiro colocado era o atual prefeito, Nunes, com 29,48% dos votos, enquanto o segundo, Boulos, obteve 29,07% — uma diferença de apenas 0,41 p.p..
O terceiro colocado na disputa pela prefeitura da maior cidade do Brasil foi o candidato Pablo Marçal, que conseguiu 28,14% dos votos. Em números absolutos, a diferença de votos entre o Nunes e Marçal, primeiro e terceiro colocado, foi de apenas 81.865.
Agora Nunes e Boulos tentam formar novas alianças para conseguir tirar a pequena diferença de votos entre eles. Lula deve ser figura frequente na cidade para angariar votos para o candidato psolista.
A eleição municipal de São Paulo mais disputada da história da cidade foi também apertada nos bairros mais populosos — e, portanto, mais decisivos — da capital. Em distritos como Perus, Grajaú (o mais populoso), Itaquera, Tucuruvi, Lauzane Paulista e Butantã a diferença entre os dois candidatos mais votados não superou os três pontos percentuais. Em outros distritos densos como Itaim Paulista, Lapa e Itaquera, a diferença entre os três primeiros colocados foi menor do que três pontos.
No mapa por regiões, cada candidato predominou em uma área diferente. Guilherme Boulos (PSOL) ganhou em bairros tradicionais da Zona Oeste, como Pinheiros e Perdizes. Também foi melhor na periferia da região, e em parte das zonas Norte e Sul, em redutos tipicamente petistas como Piraporinha, Rio Pequeno, Jardim São Luiz e Perus. Também conseguiu maioria em bairros centralizados, como Bela Vista, Vila Mariana e Santa Efigênia.
Ampliando os cenários
O crescimento do Partido dos Trabalhadores no pleito deste ano (passou de 183 prefeituras em 2020 para 248 apenas no primeiro turno deste) repercutiu entre lideres de bancadas petistas e coordenadores do pleito da legenda.
O líder do PT no Senado, Beto Faro (PA) comentou o resultado e destacou que a legenda ainda concorre em mais 13 prefeituras no segundo turno.
“Ainda temos o segundo turno, mas já governaremos mais cidades no país. O Partido dos Trabalhadores elegeu não apenas mais prefeitos, como ajudou candidaturas democráticas – que venceram ou estão no páreo – em diversas cidades do país. Agora, é continuar trabalhando para mais resultados positivos no dia 27 de outubro”, disse o líder, destacando a data do segundo turno do pleito.
Na avaliação do senador Humberto Costa (PT-PE), a sigla sai fortalecida e a luta agora é no segundo turno.
“O PT sai maior deste primeiro round da disputa eleitoral. Vencemos em 251 prefeituras e já superamos as 183 que fizermos na última eleição. Agora, vamos seguir a luta e reforçar o time de Lula em todo o Brasil no segundo turno”, disse o senador.
Em reportagem publicada na noite deste domingo (6/10), o site do PT destacou que a sigla, mais uma vez, “provou sua capacidade de resiliência no processo político do país, um claro sinal de recuperação em relação a eventos trágicos também para a própria democracia brasileira, como o golpe de 2016 e a Operação Lava Jato”.