É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!

Pesquisas de três institutos apontam que a situação econômica é a principal agenda para os brasileiros e, consequentemente, o grande problema para a reeleição de Bolsonaro. Há percepção de piora na economia para 66% dos entrevistados pelo Datafolha

 

 

A preponderância da agenda econômica como centro da preocupação dos brasileiros é o foco desta análise, aprofundando os dados divulgados pelas pesquisas mais recentes do Datafolha, Ipespe, tendo como contratante a XP Investimentos, e FSB, em parceria com BTG Pactual.

Os números apontam que a situação econômica é a principal agenda para os brasileiros e, consequentemente, o grande problema para a reeleição de Jair Bolsonaro. Até o momento, as apostas do presidente para reverter a impopularidade — Auxílio Brasil, liberação de parte do saldo do FGTS, renegociações de dívidas — não surtiram efeito. Ele bateu no teto de crescimento nas pesquisas.

Segundo o Datafolha, em levantamento realizado de forma presencial, há percepção de piora na economia para 66% dos brasileiros. A situação é pior entre as mulheres (71%), a base da pirâmide social (69%), o Nordeste (72%), os pretos (69%) e amarelos (73%).

No recorte por ocupação, destaque para os desempregados (71%), assalariados sem registro (71%), servidores públicos (70%), estagiários/jovens aprendizes (80%) e desalentados, aqueles que não procuram emprego: 73%. Apenas 14% consideram que a economia melhorou. Questionados sobre a própria situação econômica, 52% relatam piora nos últimos meses, e somente 19% viram alguma melhora.

Os números são reforçados pelo Ipespe. De acordo com o instituto, 62% dos brasileiros consideram que a economia está no caminho errado, enquanto 32% avaliam o oposto. São 95% os que percebem o impacto inflacionário em alguma medida, sendo 71% de forma mais intensa. A expectativa de aumento dos preços no próximo período existe para 64% dos brasileiros, e somente 10% preveem alguma diminuição.

O levantamento da FSB também reforça esta percepção: 95% dos brasileiros percebem aumento de preço nos últimos três meses, e para 70% os preços seguirão aumentando. Para 77% dos eleitores, as medidas de combate à inflação por parte do governo federal tem sido pouco efetivas.

O quadro impacta tanto na avaliação do governo quanto nos cenários eleitorais. O Datafolha mediu diretamente o impacto da economia no voto: para 77% dos eleitores e eleitoras, a situação financeira tem influência no voto. Ainda, os três levantamentos atualizaram os números de avaliação positiva e negativa do governo federal. Após melhora da avaliação do governo nos primeiros meses do ano, o quadro aparenta alguma estabilidade de acordo com as  três pesquisas.

Segundo o Datafolha, a reprovação do governo é percebida por 48% dos eleitores — 2 pontos a mais que março — e a aprovação é de 25%, mesmo número do levantamento anterior. O Ipespe traz a soma de ótimo e bom em 31% — 1 ponto a mais que abril —, e a soma de ruim e péssimo em 51% — 1 ponto a menos que o último levantamento. Por fim, a FSB traz números similares aos dos outros dois institutos: 50% de avaliação negativa — 1 ponto a menos que abril — e 29% de avaliação positiva — também 1 ponto a menos.

A pesquisa Datafolha foi realizada entre 25 e 26 de maio, com 2.556 mil entrevistas presenciais em pontos de fluxo populacional, e a margem de erro é de 2 pontos percentuais. O levantamento do Ipespe foi feito entre 23 e 25 de maio, com 1 mil entrevistas telefônicas e margem de erro de 3,2 pontos percentuais. Por fim, a pesquisa FSB foi captada entre 27 e 29 de maio, com 2 mil entrevistas e margem de erro de 2 pontos. •

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