Na sexta-feira, 1 de novembro, foi assassinado mais um ambientalista, o líder indígena Paulo Paulino Guajajara, dentro da Terra Indígena Araribóia (MA). Paulo, e mais um indígena (Laércio Guajajara), que está internado em um hospital, foram emboscados por um grupo de madeireiros ou caçadores enquanto retornavam de uma caça para levar alimentos para sua comunidade. Ambos faziam parte do grupo Guardiões da Floresta, responsáveis por fiscalizar e denunciar as invasões e desmatamentos nesta Terra Indígena, que possui uma área equivalente a três cidades de São Paulo e que abriga catorze mil indígenas Guajajaras e outros sessenta índios não contactados.

A morte de indígenas e ambientalistas, especialmente na Amazônia, ainda enfrenta grandes dificuldades para sua contabilização e apuração específica, e certamente é subnotificada. Mas, somente em 2019, já ocorreram outros assassinatos de maior repercussão, como o da coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens Dilma Ferreira da Silva, em março, no Pará, o do cacique Emyra Waiãpi, em julho, no Amapá, e do colaborador da Fundação Nacional do Índio (Funai) Maxciel Pereira dos Santos, em setembro, no Amazonas. O local onde Maxciel trabalhava, inclusive, a base indigenista do Vale do Javari, que é a região do mundo com maior diversidade de indígenas não contactados, já foi atacada quatro vezes desde o ano passado. Estes atos ainda acabam por ceifar mais vidas em consequência, como no caso de Dilma Ferreira, onde também foram assassinadas as pessoas que estavam com ela, como seu marido e outro casal.

Não é à toa que estes crimes vem aumentando: o presidente Bolsonaro e seus asseclas no governo, com seus discursos e ações, acabam por dar sinal verde a estas quadrilhas, sejam elas de madeireiros, garimpeiros, grileiros ou de milicianos, para atuar com a violência que bem entendem contra os que se opõem às suas práticas ilegais. Ações governamentais como a flexibilização das leis ambientais e o enfraquecimento de agências ambientais legitimam tais barbáries à floresta e seus povos.

Essas estatísticas de violência contra ambientalistas, infelizmente, aparentam ser crescentes. O que é extremamente grave para um país que, em 2017, segundo levantamentos da ONG britânica Global Witness, foi considerado como o mais perigoso do mundo para ambientalistas atuarem. Em 2018, dos 164 ambientalistas assassinados no mundo, vinte eram brasileiros.

A violência, no Brasil, acaba sendo encoberta por injustiças e impunidade. De acordo com o relatório “As máfias da floresta tropical”, da ONG Human Rights Watch (HRW), apenas catorze de um total de trezentos assassinatos a defensores da Amazônia brasileira nos últimos dez anos seguiram a um tribunal. As lideranças ambientais regionais repetidamente indicam o grande desinteresse das polícias locais em perseguir os suspeitos. Há também denúncias de tentativas de criminalização das vítimas, falsos suicídios e acidentes.

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