A Defesa nacional está ameaçada, alertam pesquisadores
Por: Manuel Domingos Neto, Eliézer Rizzo de Oliveira, João Roberto Martins Filho, Héctor Saint-Pierre, Suzeley Kalil Mathias, Piero Leiner, Alexandre Fuccille e Francisco Carlos Teixeira
Somos pesquisadores acadêmicos dedicados aos estudos de Defesa. Temos como objeto de atenção as Forças Armadas, as relações entre civis e militares, as formulações geopolíticas e outros temas relacionados à Defesa nacional. Em diversas instituições de ensino, predominantemente públicas, formamos graduados, mestres e doutores civis e militares.
Desde o século 19, o militar brasileiro compreendeu a importância do conhecimento científico e do domínio de tecnologias para a preservação de nossa soberania. Essa compreensão aprofundou-se durante o regime republicano. Tornou-se indiscutível para soldados, marinheiros e aviadores que, sem a produção do saber científico, do desenvolvimento industrial e da autonomia energética, o Brasil estaria condenado a submeter-se às potências estrangeiras.
Ao longo do tempo, os militares estimularam de forma pioneira o crescimento do ensino universitário e da pesquisa. Mesmo a ditadura implantada em 1964 fez avançar o desenvolvimento e a institucionalização do ensino e da ciência. Entre diversas iniciativas, a ditadura reconheceu a Antropologia, a História e a Sociologia como áreas do conhecimento científico.
A comunidade de professores e pesquisadores brasileiros, envolvendo todas as áreas de conhecimento, ganhou porte e qualidade. Tornou-se imprescindível ao atendimento de demandas sociais e econômicas. Configurou-se indispensável à Defesa do Brasil.
O desmonte em curso do aparato público de ensino e pesquisa, a perda de controle de empresas de grande capacidade tecnológica (como a Petrobras e a Embraer) e os golpes infligidos à engenharia complexa atentam contra a nossa soberania.
O atual governo, ostensivamente amparado e composto por militares, procede de forma contrária à defesa nacional e aos interesses do Brasil estabelecidos na Constituição de 1988. Em alguns meses, o propósito demolidor comprometeu esforços desenvolvidos em mais de um século por civis e militares.
É imperativo deter essa orientação antagônica aos seus interesses nacionais!