Com a demanda interna ainda deprimida e sem horizonte de recuperação, o único sopro de vida que ainda traz algum dinamismo ao setor industrial brasileiro tem sido a demanda externa. As exportações de grãos, por exemplo, foram responsáveis pela melhora na produção de bens de capitais agrícola (crescimento de 19,1% no primeiro semestre), enquanto as vendas recordes de automóveis para o exterior foram fundamentais para garantir a expansão desse segmento da indústria ao longo dos primeiros seis meses do ano (17,1%). Além dessas, outra categoria econômica que registrou destacado dinamismo no período foi a extrativa mineral (notadamente nos ramos de óleos brutos de petróleo e gás natural), com crescimento de 6%, também fortemente estimulada pelas vendas ao mercado externo.

Mas o que revela o dinamismo desses segmentos da indústria nacional além da evidente relação com a demanda externa? Em grande medida, o relativo sucesso que se percebe nos três casos mencionados deve-se a algumas políticas que foram implementadas pelos governos Lula e Dilma e que hoje servem para compensar o desastre provocado pela agenda da austeridade.

Em primeiro lugar, o aumento da produção e exportação de petróleo e a redução da dependência de derivados importados revelam o acerto da estratégia de investimento da Petrobras na exploração de petróleo no pré-sal, ainda em meados da década de 2000, a qual, cabe lembrar, sofreu à época críticas pesadas da oposição e da grande mídia. Hoje, mas de 50% da produção de petróleo e gás no Brasil provêm do Pré-sal.

Em segundo lugar, o forte crescimento das exportações do setor automotivo (aumento de 57,2% nos primeiros seis meses de 2017!) resulta, em grande medida dos ganhos de competitividade externa dos veículos brasileiros na esteira do programa Inovar-Auto, criado pelo governo Dilma em 2012. Conforme apontou o presidente da Anfavea ao jornal Valor Econômico (leia aqui), os padrões dos carros produzidos no Brasil melhoraram significativamente em decorrência das contrapartidas exigidas em troca dos benefícios fiscais concedidos pelo programa e com isso as montadoras instaladas no Brasil conquistaram fatia maior no mercado internacional de veículos. Não é demais lembrar que tal resultado só foi possível também graças à exitosa política externa que teve início no primeiro governo Lula, liderada pela dupla Celso Amorim e Marco Aurélio Garcia. No bojo da chamada política Sul-Sul, redesenharam o mapa das relações comerciais do Brasil com o resto do mundo, em especial com os países do Mercosul, os quais são hoje grandes compradores de automóveis brasileiros.

Em terceiro lugar, a excepcional expansão de 30% da safra de grãos que hoje fortalece o nosso saldo comercial e ajuda a impulsionar a produção de bens de capital, além de ter sido beneficiada por condições climáticas muito favoráveis, é também a expressão positiva da política de expansão do programa de financiamento agrícola do governo federal em parceria com o Banco do Brasil (o Plano Safra), o qual acabou sendo usado pelos golpistas para acusarem a presidenta Dilma de ter realizado as tais “pedaladas” fiscais.

Em suma, ao contrário do que gosta de afirmar a grande mídia mercadista, os experimentos desenvolvimentistas dos governos Lula e Dilma não apenas foram fundamentais para dar tração à economia brasileira durante os seus governos, como ainda hoje são as principais fontes de dinamismo da nossa combalida estrutura produtiva.

 

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