Crise internacional, modelo energético e questão agrária foram temas do debate que abriu o fórum na capital do país nesta sexta-feira, 6

O Fórum Regional FPA – Ideias para o Brasil chegou à sua sétima e última edição nesta sexta-feira, dia 6, na capital do País, onde reúne até sábado, 7, a militância do Distrito Federal, de Goiás, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul para debater rumos e desafios ao Brasil. A vice-presidenta da Fundação Perseu Abramo, Iole Ilíada, e o presidente do PT/DF Roberto Policarpo recepcionaram o público presente ao auditório do Centro de Convenções Brasil 21.

“Mesmo sendo eventos regionais, os fóruns pretendem oferecer uma síntese nacional a partir dos debates realizados em cada uma das regiões. Abrangemos todos os estados da Federação. Foi exitosa a iniciativa de discutir ideias de esquerda, voltadas para uma proposição democrático-popular de políticas públicas”, afirmou Iole, que ainda lembrou que essas ideias estarão nos livros Projetos para o Brasil, que compilam os estudos realizados pela Fundação em conjunto com um corpo de centenas de acadêmicos.

Fórum em Brasília reúne militância e academia

Kiel, Andrade, Karlinski, Pinguelli Rosa e Pomar (da esq. para dir.)

Policarpo, presidente do PT/DF, alertou sobre o tipo de desenvolvimento da região Centro-Oeste. “Somos das regiões que mais crescem no país, mas queremos inclusão e diminuição da pobreza. O entorno de Brasília é das áreas com maior índice de pobreza do Brasil. Assim como há vários Brasis, há várias Brasílias.” Secretário de Cultura do Distrito Federal e membro do conselho curador da FPA, o poeta Hamilton Pereira foi chamado a saudar os presentes. “A Fundação é cada vez mais indispensável ao nosso projeto, ela tem a missão de manter a chama e o pulso transformador de nosso partido.”

Debate
A mesa debate que abriu o Fórum, A Crise Internacional, o Modelo Energético e a Questão Agrária, foi composta pelo escritor e analista político, Wladimir Pomar; o engenheiro agrônomo e perito federal do Incra, Roberto Kiel; o diretor da Coppe/UFRJ e secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança Climática, Luiz Pinguelli Rosa. A coordenação da mesa ficou a cargo da secretária de Formação do PT/DF, Elisangela Karlinski, e os comentários, do professor da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UnB, Manoel de Andrade.

Wladimir Pomar abordou a questão energética traçando um panorama histórico a partir dos anos 1970, quando excedentes de capital em países como Japão, Alemanha e Estados Unidos, demandaram maior consumo de energia, além das mudanças na exploração do petróleo, com os países da Opep. Ele também falou sobre como a exploração dos países subdesenvolvidos foi acentuada com a globalização e o modelo neoliberal a partir dos anos 1980. “Gonzaga Beluzzo disse que houve uma devastação econômica nos países que passaram pelo processo neoliberal.”

O engenheiro agrônomo Roberto Kiel fez a apresentação Desenvolvimento Agrícola e a Questão Agrária (veja aqui). Entre outras questões ele discorreu sobre a concentração em número cada vez menor de propriedades e também na especialização de produtos que sofre a agricultura brasileira e como a agricultura familiar trabalha na contramão. “Ela possui uma multidimensionalidade, inclusive cultural, do alimento que se planta, que se consome, em cada região, etc.”

Hidrelétricas
O diretor da Coppe/UFRJ Luiz Pinguelli Rosa retomou o tema da energia. Para ele, o governo acertou ao retomar as construções de hidrelétricas no País. “Hoje, os reservatórios são menores, não  são mais alagadas áreas gigantescas. E, no caso de secas, temos as termelétricas, que foi outro acerto. Elas podiam ser melhores, sim, são umas porcarias poluentes, são perdulárias no consumo de combustíveis, mas foram baratas, são necessárias.”

Pinguelli Rosa lembrou que desde as privatizações, nos anos 1990, nossas tarifas energéticas são altas. “Foi feito assim pra atrair os investimentos internacionais. Nas comparações com outros países a nossa é muito alta. O governo baixou as tarifas, Dilma fez certo. Mas o Sistema Eletrobras foi prejudicado”. Quanto à Petrobras, ele considera que a empresa teve êxito na descoberta do pré-sal, mas não na questão da capacidade de refino. As explanações foram seguidas por um debate com o público.

Fórum em Brasília reúne militância e academia

Militância do Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás

Abertura
A mesa de abertura do Fórum Regional foi iniciada com fala do secretário geral do Partido dos Trabalhadores (PT), Geraldo Magela, que saudou a todos os participantes do Fórum, e agradeceu a iniciativa da Fundação Perseu Abramo, “que tem feito um trabalho excepcional de promover um aprofundamento das reflexões que o PT fez na sua história, e precisa continuar a fazer nesse momento”.  Para Magela, o debate que vai ser colocado neste ano de eleição será “ideológico, de confronto de ideias e propostas para o país”, e os estudos da FPA auxiliam o debate político e na militância.

Em seguida o presidente da FPA, Marcio Pochmann, lembrou os Fóruns Regionais se constituíram a partir de um plano de trabalho “que oferecesse uma reflexão dentro do PT, então no ano passado envolvemos mais de 200 professores, pertencentes a 60 universidades do país, sobre problemas brasileiros, o que representa, de certa maneira, uma aproximação do PT com os centros de pensamento, que estavam mais afastados, mas que se reuniram para este debate e produção dos livros”.

Fórum em Brasília reúne militância e academia

Pochmann, durante fala na abertura do fórum, em Brasília

Neste sentido, Pochmann lembrou que a decisão foi de descentralizar esse debate, “concretizado hoje nesse sétimo fórum, que foi levado a todas as regiões do país, e acompanhado, direta ou indiretamente, por mais de 5 mil pessoas, levando um debate organizado para todo o Brasil”.

Também participaram da mesa Ricardo Policarpo, presidente do PT do Distrito Federal, Ludmila lima Barreto, secretária de comunicação do PT de Goiás, Wiliam Sampaio, presidente do PT MT, Francisco Givanildo dos Santos, vice-presidente do PT MS, Arlete Sampaio, líder do governo  na Câmara Legislativa do DF, Gilnei Viana, coordenador do projeto Direito a memória e a verdade da Secretaria Geral da Presidência da República, Vivian Farias, secretária nacional de articulação do PT, Maristela Matos, secretária nacional de mobilização do PT, e Bruno Elias, secretário nacional de movimentos populares do PT.

O fórum
Nas seis edições anteriores, o fórum teve lugar nas cidades de Fortaleza (CE), Recife (PE), Salvador (BA), Manaus (AM), Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG), reunindo os diversos estados que constituem cada uma das  regiões. O fórum é aberto e gratuito, e as inscrições podem ser feitas pelo portal da FPA (www.fpabramo.org.br/forum2013). O fórum pretende reunir, além dos especialistas, representantes do governo, da academia, da sociedade, da juventude, movimentos sociais, partidos políticos, instituições de pesquisa, profissionais liberais, classe artística, sindicatos, gestores públicos, comunicadores, estudantes, ou seja: representantes de todas as partes que compõe esse grande país, o Brasil.

Apresentação

 – Desenvolvimento Agrícola e a Questão Agrária

Fórum Regional FPA 2014 – Ideias para o Brasil
6 e 7 de junho 
Centro de Convenções Brasil 21 
SHS – Quadra 6 – Lote 1 – Conjunto A – Bloco G
Inscrições pelo portal da FPA (www.fpabramo.org.br/forum2013)

Saiba mais

 – Projeto democrático e popular no Fórum Regional FPA em Brasília

 – FPA encerra ciclo de fóruns regionais em Brasília 

 – Confira aqui a programação

 Fotos Sérgio Silva