por José Luís Fiori

Em apenas um ano, o mercado mundial de energia enfrentou duas grandes crises diametralmente opostas: a primeira, no início de 2020, no momento em que se generalizou a pandemia do coronavírus; e a segunda, ainda em pleno curso. Tudo começou com uma queda abrupta da demanda mundial e dos preços internacionais, provocada pela interrupção instantânea e universal da atividade econômica e pelo aumento exponencial do desemprego, começando pela China e atingindo, em sequência, a Europa e os Estados Unidos. O consumo das empresas e das famílias caiu da noite para o dia, e os tanques e reservatórios de petróleo e gás ao redor do mundo ficaram cheios e ociosos; os próprios navios petroleiros ficaram à deriva sem ter onde desembarcar, provocando uma queda dos preços e uma paralização quase completa da produção de óleo. Como consequência, a economia mundial regrediu no ano de 2020 e a indústria energética sofreu um baque de rapidez e proporções desconhecidas. Menos de um ano depois, o cenário já havia se
invertido radicalmente, depois da invenção e difusão das vacinas e depois da retomada da atividade econômica. Com a desmontagem anterior das estruturas logísticas e a interrupção dos fluxos globais, a oferta de energia não conseguiu responder à retomada econômica, e um ano depois da primeira crise, os tanques e reservatórios de petróleo e gás natural encontravam-se vazios, e a própria oferta mundial de carvão foi interrompida por acidentes
naturais e mudanças climáticas que se somaram a erros de planejamento estratégico, sobretudo no caso da China e dos Estados Unidos. Como consequência, durante o ano de 2021, os preços da energia dobraram ou triplicaram, dependendo de cada região; o suprimento de energia elétrica foi interrompido em vários países, e multiplicou-se o fechamento de empresas e as revoltas populares contra a inflação dos alimentos, do combustível e dos serviços públicos em geral.

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