Em Outras Palavras
O largo do Paço Municipal de Araraquara, na região central do estado de São Paulo, estava vazio na manhã do dia 26 de junho. O sol se esgueirava entre um edifício residencial e o imponente prédio de nove andares da prefeitura, iluminando parte da praça. Eram onze da manhã, o típico calor araraquarense já se impusera, e dois amigos caminhavam em direção aos bancos à sombra. Sentados ali, eles mal conversavam. Apenas observavam a paisagem desértica, como se estivessem perdidos. Não havia um táxi sequer no ponto. A parada de ônibus estava vazia. As lojas, todas fechadas. No coração da cidade de 238 mil habitantes, só se ouviam as folhas das árvores balançando ao vento e, de vez em quando, a buzina distante dos trens que corriam sobre a centenária linha férrea das proximidades. “Parece uma cidade fantasma”, disse um deles, entre divertido e perplexo. Naquele sábado, os dois amigos, que moram em municípios vizinhos, haviam decidido visitar Araraquara – e se esqueceram de um detalhe nada trivial: a cidade estava em completo lockdown.