Fevereiro é o mês das comemorações de fundação do Partido dos Trabalhadores. No dia 10 de fevereiro, com mediação de Carlos Henrique Árabe, diretor da Fundação Perseu Abramo, o Pauta Brasil ouviu José Dirceu e Franklin Martins, ambos com forte participação na luta contra a ditadura, integraram governos petistas, são especialistas em conjuntura e atuantes na construção de políticas públicas para o país para debater a situação política brasileira, quando o PT chega aos seus 41 anos.

Franklin Martins trabalhou em alguns dos mais importantes órgãos de comunicação do país e 2007 a 2010, durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocupou o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

Franklin inicia a sua participação fazendo uma recapitulação dos avanços do país durante os governos do PT, relembrando também a importância de um partido chegar aos 41 anos no Brasil. O golpe contra Dilma, a eleição de Bolsonaro que teve apoio do “establishment” foram analisados por ele, para quem “vivemos um processo gravíssimo e ele se agudizou com a pandemia, Bolsonaro partiu para o negacionismo, um desgoverno que agride os direitos humanos estamos assistindo esse processo, nossas lideranças não estão enfrentando essa situação”.

“Temos que impedir que eles continuem a destroçar o povo. O que temos que enfrentar é o Bolsonaro, que coloca o país em riscos que não assistimos há tempos. As lideranças podem se articular e mostrar luz no fim do túnel, mas precisam sentar para conversar. Temos de enfrentar algo mais importante, que é apontar a necessidade de não deixar esse desgoverno continuar destruindo o país. Isso não é simples. Tem de encarar o presente e apontar para o futuro”, sugeriu Franklin.

José Dirceu, ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência da República no primeiro mandato de Lula, foi presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), deputado estadual e federal por três legislaturas por São Paulo. Para ele, “o que vivemos é a tentativa de romper o fio da história”, para desmantelar o Estado nacional que tem sido construído nos últimos setenta anos. Dirceu elencou uma série de fatos históricos e lutas para chegar ao momento que nos encontramos: “esse governo vai levar o Brasil a uma tragédia, eles querem desmontar o Estado nacional. Temos instrumentos de desenvolvimento e poupança que eles querem acabar. Nosso problema é virar essa página. Precisamos de uma revolução social”, alertou.

Dirceu também abordou as necessidades de o PT enfrentar esse momento com todo seu histórico. “Mas o partido precisa mudar. Precisamos voltar para o bairro, praticar solidariedade”, enfatiza.

As consequências do golpe jurídico-midiático contra Dilma, a prisão de Lula e a derrota eleitoral de 2018 foram lembradas por Dirceu. Assim como a situação da economia: “vamos viver um momento que é inconcebível que as lideranças, inclusive as que não são de esquerda, não conversem. Corremos o risco de não ter uma oposição democrática”.

Franklin finalizou defendendo um conjunto de ações imediatas, como a volta do Auxílio Emergencial, reforma tributária, “com inflexão, sem mágoas passadas”. Para ele, é possível fazer se “houver grandeza”, lembrando que na construção das eleições do Brasil, “o eleitorado terá muito peso”. Mas afirmou que Lula, como todos os líderes políticos do país, precisa ter seus direitos garantidos e as injustiças corrigidas.

E para Dirceu, esse momento, das comemorações dos 41 anos do PT, é também para relembrar que o partido tem base e tem força para atrair um campo grande de democratas para lutar contra o precipício para o qual caminhamos com Bolsonaro. Para ele, as forças progressistas devem lutar pelas questões com relação à pandemia e unir os que estão contra Bolsonaro. E se dirigindo aos milhares de militantes de PT, homenageou os que constroem o partido todos os dias: “é hora de uma radical revolução no partido, com milhões de pessoas participando”.

Assista a íntegra do debate abaixo.




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