Nessa quarta-feira, dia 28 de outubro, o Observa BR recebeu os economistas Luciano Coutinho, professor colaborador do Instituto de Economia da Unicamp e ex-presidente do BNDES, Mauro Borges, professor da UFMG e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e a economista Marta Castilho, professora e coordenadora do Grupo de Indústria e Competitividade (GIC) da UFRJ, para debater o “o futuro da indústria e a reconstrução nacional”. A mediação foi de Artur Araújo, consultor da Fundação Perseu Abramo e da Federação Nacional dos Engenheiros.

A indústria ainda faz parte do arsenal necessário para reconstrução e desenvolvimento ou já é um fator superado? Provocado pelo mediador, Luciano Coutinho inicia o debate afirmando que sim, a indústria é fundamental para o futuro de qualquer economia. Lembra que a União Europeia está lançando uma nova política industrial que almeja aumentar o peso da indústria no bloco e o peso do comércio internacional. O economista aponta que é falso afirmar que agora interessam os serviços. “Os serviços no futuro estão estreitamente associados ao desenvolvimento da indústria e às novas tecnologias, que transformarão a indústria e os serviços”, afirma. Aponta que se deve fazer distinção entre a situação conjuntural da indústria e as dificuldades de recuperação econômica e a questão de médio e longo prazo que tem a ver com a quarta revolução industrial, que está transformando a indústria mundial através da digitalização de todas as cadeias industriais e a automação da gestão e da produção. Fala ainda sobre o impacto da pandemia na indústria nacional, falta de matéria prima e da dificuldade de recuperação.

Para Mauro Borges uma vez que a indústria é fundamental para o crescimento de longo prazo da economia brasileira, uma pergunta natural é se o curso atual da desindustrialização brasileira é possível de ser revertido. Segundo ele a profunda recessão feriu de morte a indústria, que é coração da atividade econômica, e ameaça a reversão da desindustrialização. Reitera que a pandemia só aprofundou as dificuldades da indústria e que parte importante dela se encontra no século passado, mais mecânica e pouco digital. Fala ainda dos fatores dessa desindustrialização e vê no mercado interno, “um ativo econômico valiosíssimo no contexto internacional”, uma luz de esperança de possibilidade de reversão desse processo.

A economista Marta Castilho considera que a indústria hoje está mais imbricada com as atividades de serviço. Lembra que é preciso levar em conta a diversidade da indústria nacional, espalhada pelo país de dimensão continental. Discorre sobre a inserção externa da indústria brasileira. Segundo a professora, ao se referir ao período da pandemia, “às vezes fatores conjunturais e estruturais se misturam”. Com a previsão de uma queda de 9% no comércio mundial e as perspectivas de recuperação cada vez mais nebulosas, houve uma queda das exportações brasileiras em torno de 7%. Mas o problema que merece destaque é o perfil das nossas exportações que tem a ver com o perfil da produção doméstica, concentrada em produtos primários, agrícolas.

Assista abaixo o programa na íntegra.

Esse programa é parte do Observa BR (clique aqui para acessar), iniciativa que objetiva concentrar debates e troca de informações e ser um repositório acessível, dinâmico e sempre atualizado de notícias, propostas, iniciativas, políticas, análises e formulações relacionadas à reconstrução e transformação do Brasil, superando os problemas estruturais do país agravados pelas crises sanitária, econômica, política e financeira em que se afundou pela completa incapacidade do governo Bolsonaro no combate à pandemia de 2020 e a seus efeitos.

O programa é transmitido ao vivo nas noites de quarta e sexta-feira, às 21 h, no canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, em sua página no Facebook e perfil no Twitter.