Artigo de Marcos Buckeridge e Arlindo Philippi Jr. publicado por Estudos Avançados - USP
A pandemia gerada pelo espalhamento do novo coronavírus tem como pano de fundo as cidades. É especialmente no ambiente urbano que a transmissão do vírus se dá e por isso a estrutura e o comportamento das cidades são fundamentais quando ocorre algum fenômeno extremo, como a pandemia do novo coronavírus. As cidades representam aglomerações, são locais de comércio intenso e de atividades culturais. É onde ocorre uma enorme quantidade de contatos pessoais. As cidades formam hubs de comunicação de onde partem e chegam membros das mais diversas populações de outras cidades do país e do mundo. Elas se tornam um ambiente propício para o espalhamento de doenças infecciosas. Portanto, é quase natural que o cenário urbano tenha sido fundamental em vários aspectos durante a pandemia de 2020.
Alguns dos principais indicadores da qualidade de resposta ao evento extremo de uma pandemia numa cidade são: 1) o cuidado com os contatos (isolamento social); 2) o uso do conhecimento científico para conduzir as ações; 3) o desenho de políticas públicas para controlar a expansão da doença; e 4) o provimento dos serviços que permitam cuidar de doentes e evitar mortes. Quanto melhores forem as performances locais nas cidades, menor será o número de mortes e menores serão os posteriores impactos socioeconômicos. Assim, a fisiologia urbana e a sua resiliência ao ataque de eventos extremos como a pandemia do novo coronavírus importam, e muito, para medir os efeitos finais sobre a população.