No programa do Observatório do Coronavírus, apresentado na noite de quarta-feira, foi analisada a atuação política do Congresso neste período de crise. O pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, que será entregue hoje na Câmara foi destacado. Participaram do programa a presidenta do PT e deputada Gleisi Hoffmann, o líder do PT no Senado, senador Rogério Carvalho e o líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri, com a mediação do diretor da Fundação Perseu Abramo, Alberto Cantalice.
Rogério Carvalho abriu o programa abordando a necessidade de barrar as ações do presidente Bolsonaro contra o isolamento social e à assistência ao povo durante a crise provocada pela pandemia. "O Brasil tem que assumir a defesa da vida e o impeachment é em defesa da vida, o presidente coloca em risco a vida das brasileiros", afirmou. "Como nosso PT tem com principio defender a vida, os direitos, as liberdades individuais temos o dever e temos que nos colocar contra esse presidente Impeachment sim, e já".
Gleisi Hoffmann, por sua vez, destacou o ato de entrega do pedido de impeachment nesta quinta-feira pela manhã na Câmara, por um pequeno grupo que representará todos os apoiadores da iniciativa. Segundo Gleisi este pedido coletivo é assinado por juristas do porte de Celso Bandeira de Mello, Lênio Streck, Weida Zancaner, Carol Proner, Pedro Serrano, por três ex-ministros da Justiça, Tarso Genro, José Eduardo Cardozo e Eugênio Aragão e sete partidos: PT, PSOL, PCdoB,PCB,PCO, PSTU e a UP União Popular, e mais de 400 entidades. Fora da Câmara será realizado um ato silencioso, com os manifestantes usando máscaras e adotando medidas de distanciamento e como destacou a presidenta do PT este ato é "para mostrar ao Brasil e ao mundo que nós estamos descontentes e que queremos tirar Bolsonaro de onde ele está".
O líder do PT na Câmara, Enio Verri traçou um quadro das forças que estão no Congresso hoje e das condições políticas de Bolsonaro para enfrentar o processo de impeachment neste momento. No debate do impeachment, afirma Verri, Bolsonaro está numa situação desfavorável, porque tem reduzida sua base social e de outro lado, corre o risco não ter votos suficientes para barrar o processo. "Hoje o que Bolsonaro vê é que sua base social está caindo, segundo as pesquisas de hoje e por outro lado ele olha para a Câmara com receio, nesse sentido ele fez um acordo com o Centrão e está levando para a base do governo." E esta negociação do Bolsonaro com o Centrão dividiu o Congresso em três grandes grupos: o grupo que ele chama de "Centrão Velho", com 10 partidos, liderado hoje pelo Arthur Lira, com cerca de 180 votos. O segundo grupo, chamado por Verri de "Novo Centrão", formado por deputados que estão na base de apoio do Rodrigo Maia, e que tem em torno de 140 votos e o terceiro, a Oposição, com 140 votos. "Este cenário é positivo porque ninguém tem votos suficientes para forçar alguma matéria, e mostra o poder de negociação do novo centrão e nos permite impor alguns acordos, permite aprovar algumas pautas e permite conter alguns golpes contra o povo", explica.